Pesquisas recentes indicam que a dor lombar crônica afeta milhões de pessoas ao redor do mundo. Um estudo com participantes que relataram entre 30 a 36 episódios de dor nas costas levou à conclusão de que caminhar regularmente pode ser uma solução eficaz para prevenir essa condição debilitante.

Os participantes ficaram divididos em dois grupos: um deles recebeu orientações de um fisioterapeuta durante seis meses e foi incentivado a seguir um programa de caminhada adaptado às suas necessidades. O outro grupo não teve assistência profissional, refletindo a realidade de muitos que vivem com dor lombar.

Durante o programa, foram realizadas seis sessões de acompanhamento, onde um fisioterapeuta monitorou o progresso, ajudou a superar barreiras e aumentou a confiança dos participantes em relação à atividade física. A meta era simples: caminhar 30 minutos por dia, pelo menos cinco vezes por semana. Este esforço não apenas promoveu a atividade física, mas também ajudou a desmistificar o medo em relação à dor lombar.

Após a análise de dados coletados mensalmente ao longo de três anos, os resultados foram surpreendentes. O grupo que caminhou regularmente aguentou, em média, 208 dias sem novos episódios de dor, enquanto o grupo controle experimentou novas dores em apenas 112 dias. Essa diferença aponta para a eficácia da caminhada como uma intervenção preventiva.

Tipos de Dor Lombar e Suas Implicações

A dor lombar, ou lombalgia, é um grande problema de saúde pública, afetando 619 milhões de pessoas em 2020 e projetando-se que esse número chegue a 843 milhões até 2050, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Os estudos mostram que a maioria das abordagens se concentra em tratar episódios agudos, em vez de prevenir novas crises. A caminhada, sendo uma atividade de baixo custo e fácil acesso, se destaca como uma intervenção promissora.

Existem três tipos principais de dor lombar: a lombalgia mecânica, normalmente relacionada a problemas posturais; a lombociatalgia, onde a dor irradia para membros inferiores; e a estenose do canal lombar, que geralmente afeta pessoas mais velhas e causa dificuldades para caminhar.

De acordo com o ortopedista Mario Lenza, que trabalha no Hospital Israelita Albert Einstein, a dor lombar sem sintomas neurológicos demanda frequentemente um tratamento conservador, promovendo a mudança de estilo de vida e a prática de exercícios, especialmente com a orientação de profissionais de saúde.

"Caminhar traz benefícios comprovados para a dor lombar, reforçando o que sempre ouvimos de nossos avós. Os médicos também recomendam que a caminhada é essencial para melhorar episódios de dor. Mas, atenção! Não se deve subestimar a dificuldade que sedentários podem ter ao iniciar uma atividade física", salienta Lenza.

A caminhada pode, contraditoriamente, causar dores em articulações como joelhos e tornozelos, especialmente para aqueles que estão começando um programa de exercícios. Portanto, é crucial ter orientação para garantir que se pratiquem as atividades de forma segura e eficaz.

Atenção às Especificidades

Entretanto, nem toda dor lombar pode ser tratada apenas com caminhada. Existem condições como a síndrome da cauda equina, que exige uma intervenção cirúrgica emergencial. Além disso, problemas mais comuns, como hérnias de disco, variam em gravidade e algumas podem requerer cirurgia, enquanto outras podem ser tratadas apenas com alteração de hábitos.

"A solução pode não ser sempre imediata ou cirúrgica. Muitas vezes, com dedicação e um plano de tratamento adequado, como caminhadas e fisioterapia, o paciente poderá encontrar alívio duradouro para sua dor", conclui o ortopedista.

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