Saúde

Câncer de mama: desigualdade no tratamento compromete chances de cura

2024-10-08

Autor: João

O tratamento do câncer de mama no Brasil é marcado por desigualdades alarmantes que impactam diretamente as chances de sobrevivência das pacientes. Estima-se que cerca de 75% da população depende exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) para cuidados oncológicos, enfrentando uma batalha diária não apenas contra a doença, mas também contra a morosidade do sistema de saúde.

Enquanto o tempo médio para a confirmação do diagnóstico de câncer de mama no país é de 36 dias, em alguns estados do Norte, esse prazo pode ultrapassar 90 dias, conforme declarações da doutora Maira Caleffi, mastologista e presidente da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama). Esta disparidade não apenas retarda o início do tratamento, mas também prejudica as chances de cura que dependem de uma intervenção precoce.

O início do tratamento é igualmente otimista, com uma média de 174 dias de espera no SUS, bem acima do prazo legal de 60 dias, e em estados da região Norte, esse período pode chegar a terríveis 270 dias. Segundo Caleffi, muitas mulheres não recebem o tratamento apropriado para o tipo de tumor que possuem. A falta de medicamentos, a resistência dos planos de saúde e a demora no atendimento comprometem o sucesso das terapias.

Uma análise mais profunda revela uma falta preocupante na distribuição de equipamentos e serviços de diagnóstico, como mamógrafos e biópsias. Muitas mulheres, especialmente aquelas que vivem em áreas mais distantes e menos desenvolvidas, acessam tarde os serviços de saúde, muitas vezes já em estágios avançados da doença.

Desigualdade também se reflete nas informações sobre a doença. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em países com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixo, as mulheres têm 50% menos chances de serem diagnosticadas precocemente. No Brasil, a situação é semelhante, especialmente em áreas urbanas e costeiras, que concentram mais serviços de saúde, enquanto nas periferias e regiões Norte e Nordeste, o cenário é desolador.

Além disso, o acesso à informação é uma barreira significativa. Muitas mulheres em situação de vulnerabilidade não têm acesso fácil a informações sobre a doença e os serviços disponíveis, aumentando as chances de morte por câncer de mama. De acordo com estudos, mulheres com menor escolaridade têm maior probabilidade de não apenas falhar em buscar tratamento, mas também morrer em decorrência da falta de conhecimento sobre a doença.

A médica Larissa Oliveira de Aquino, da Sociedade Brasileira de Mastologia, destaca a necessidade urgente de políticas públicas para melhorar o acesso à saúde: "É fundamental que o governo implemente ações que melhorem a infraestrutura e a qualidade dos serviços de saúde em todo o país. Campanhas constantes sobre a importância da detecção precoce do câncer de mama podem salvar vidas!"

O oncologista Cleydson Santos reforça que a mamografia deve ser realizada anualmente a partir dos 40 anos, e para mulheres com histórico familiar, o rastreamento deve começar aos 35 anos. A detecção precoce é essencial, já que altera significativamente as chances de cura, mesmo em casos mais avançados.

Com o avanço da medicina, os tratamentos disponíveis, como a quimioterapia e medicamentos hormonais, têm ajudado a aumentar a taxa de sobrevivência. É crucial que as mulheres sejam informadas sobre esses tratamentos, e que o SUS amplie seu acesso a medicamentos inovadores, especialmente para cânceres considerados mais agressivos.

Neste Outubro Rosa, é um ótimo momento para refletir não apenas sobre a prevenção e tratamento, mas também sobre as desigualdades que precisam ser enfrentadas para garantir que todas as mulheres tenham a mesma chance de cura e qualidade de vida. Antes de qualquer coisa, é necessário quebrar o silêncio e lutar por um sistema de saúde que atenda a todas as brasileiras de forma igualitária!