Cansaço: A Epidemia Silenciosa que Atinge a Sociedade Moderna
2025-04-15
Autor: Fernanda
A Pressão do Dia a Dia
Nos dias de hoje, a vida acelerada se tornou uma verdadeira norma. Desde o momento em que abrimos os olhos pela manhã, somos bombardeados pela pressão de enfrentar uma agenda cheia de compromissos. As refeições são apressadas, sempre interrompidas por mensagens e ligações, enquanto a constante sensação de estar atrasado marca a rotina de muitos de nós.
A Paradoxal Sensação de Improdutividade
Ao final do dia, mesmo com uma lista de tarefas aparentemente cumprida, a exaustão frequentemente chega acompanhada de uma impotente sensação de improdutividade. Realizamos um sem-número de atividades, mas a impressão é que nada realmente foi concluído. O filósofo sul-coreano Byung-Chul Han argumenta que este paradoxo é um reflexo da sociedade contemporânea e do nosso relacionamento com o tempo e o trabalho.
A Sociedade do Cansaço
Em seu livro 'A Sociedade do Cansaço', Han descreve a era atual como marcada pela ‘hiperatividade passiva’, um estado em que somos inundados por estímulos, mas raramente paramos para refletir. Para ele, o ato de pensar é a atividade mais essencial — e, paradoxalmente, a mais ausente em um mundo tão acelerado.
Han ressalta que a lógica da produtividade invadiu todos os aspectos da vida, incluindo o lazer. A hiperconectividade cria uma pressão constante para estarmos disponíveis, uma realidade que é intensamente vivida no Brasil.
A Pressão do Desempenho
O autor observa que até mesmo relações pessoais e redes sociais foram contagiadas pela busca desenfreada por desempenho. Assim, nos tornamos 'sujeitos do desempenho', submetidos a uma pressão incessante por produtividade, que, segundo ele, alimenta o crescimento de problemas como depressão, ansiedade e burnout.
Como Combater esta Epidemia?
Profissionais da saúde mental confirmam esse cenário alarmante. A neurologista Dalva Poyares, da Associação Brasileira de Medicina do Sono, destaca que a população enfrenta jornadas de trabalho extenuantes e noites mal dormidas. Um estudo do Ibope revela que 98% dos brasileiros relatam cansaço frequente, enquanto 61% afirmam estar exaustos.
Neste contexto, a urgência de desacelerar se torna coletiva. Como observa Byung-Chul Han, essa mudança não pode ser encarada como uma responsabilidade individual. Para romper com o modelo atual, são necessárias transformações estruturais — sociais, culturais e políticas — que nos ajudem a resgatar a atenção, o tempo e, sobretudo, a humanidade que temos perdido.