As doenças diarreicas agudas (DDA) têm mostrado um crescimento preocupante de 28,2% no início de março de 2025, com 19,5 mil novos casos registrados em apenas uma semana, conforme dados da Planilha de Notificação Semanal da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). O total de casos até o final de fevereiro alcançava 69,4 mil, saltando para mais de 88,9 mil com os números recentes.

Na semana epidemiológica 8, que se encerrou em 22 de fevereiro, o Estado contava com 65.260 casos de DDAs. Na semana seguinte, que vai de 23 de fevereiro a 1º de março, foram cerca de 4,1 mil casos adicionais, representando um aumento de 6,3% em relação à semana anterior.

Essas infecções gastrointestinais, comumente conhecidas como “virose da mosca”, são geralmente causadas pelo consumo de água e alimentos contaminados, além da falta de saneamento básico eficaz, segundo o médico sanitarista Álvaro Madeira Neto.

As DDAs se caracterizam pela ocorrência de pelo menos três episódios diarreicos em 24 horas e outros sintomas como náuseas, vômitos, febre e dor abdominal. O aumento mais significativo foi observado na Coordenadoria Regional de Saúde (CRES) de Sobral, que abrange 24 municípios, incluindo Massapê, Santana do Acaraú, Senador Sá e Pires Ferreira.

Na CRES de Sobral, os registros subiram de 12.305 na Semana Epidemiológica (SE) 9 para 15.041 na SE 10, com mais de 2,7 mil novos casos apenas nessa semana. Sobral foi responsável por 986 desses casos, seguida por Reriutaba (225), Hidrolândia (222), Coreaú (183) e Groaíras (141).

Até 8 de março, Sobral liderava no acumulado de casos no ano, com 7.562 registros, enquanto Fortaleza somava 4.821. Na primeira semana de março, no entanto, Russas se destacou com 1.092 casos, superando Sobral. Outras cidades como São Gonçalo do Amarante (834), Juazeiro do Norte (783) e Fortaleza (621) também figuram entre as mais afetadas.

É importante ressaltar que 33 cidades não apresentaram mudanças significativas entre as semanas epidemiológicas 9 e 10, incluindo Horizonte, Eusébio, Guaraciaba do Norte, Tauá e Barbalha.

Sobre as causas das DDAs, é fundamental entender que esses surtos podem se agravar rapidamente, especialmente com a combinação de períodos chuvosos e aumento da temperatura, que favorecem a proliferação de microorganismos nocivos. Com a situação atual, políticas públicas de prevenção se tornam cada vez mais necessárias.

O médico sanitarista enfatiza a importância de adotar medidas preventivas, alertando que a verdadeira vitória contra essas doenças não é apenas reagir a crises, mas implementar ações que visem impedir a transmissão desde o início, através de uma educação eficaz sobre higiene e saneamento.

Embora a maioria dos casos de DDA se resolva espontaneamente em até 14 dias, um cuidado especial deve ser dado ao tratamento da desidratação, que é a principal complicação, especialmente em crianças e idosos. Medidas de hidratação oral podem ser suficientes, mas casos mais graves podem requerer internação para hidratação intravenosa.

Recentemente, a secretária da Saúde do Ceará, Tânia Coelho, tranquilizou a população ao afirmar que, até o momento, não houve um aumento significativo nas internações por casos graves relacionados a DDAs, apesar da normalidade das diarreias durante a temporada de chuvas e a circulação de pessoas.

Para evitar contágios, o Ministério da Saúde recomenda práticas como a lavagem das mãos com sabão, o tratamento da água, a conservação adequada dos alimentos e o correto descarte de lixo. Essas medidas simples podem fazer toda a diferença na saúde pública.

Fique atento! Sinais de desidratação e complicações exigem atenção imediata e retorno a serviços de saúde. Cuidar da própria saúde é fundamental, especialmente para os grupos mais vulneráveis como crianças e idosos.