Em uma reviravolta significativa, o CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, anunciou uma retratação pública sobre suas declarações a respeito da carne brasileira. A decisão vem após um veto à carne do Mercosul que desencadeou um boicote por parte de frigoríficos brasileiros, que suspenderam o fornecimento para as lojas do varejista no Brasil.

Representantes da Embaixada da França no Brasil comunicaram ao Ministério da Agricultura sobre a intenção de Bompard de se desculpar, alegando que a redação de sua carta já está em andamento. Isso ocorreu após Bompard ter declarado no dia 20 de setembro que as unidades da França não mais aceitariam carne do Mercosul, citando preocupações sobre qualidade e conformidade com os padrões franceses.

Os ânimos se acirraram entre os produtores brasileiros e o Carrefour, levando a um movimento coletivo de pelo menos 23 frigoríficos, incluindo grandes nomes como JBS, Marfrig e Masterboi, a interromperem suas entregas. O desabastecimento já afeta mais de 150 lojas da cadeia no Brasil, e os consumidores que frequentam o Carrefour em São Paulo começaram a sentir os efeitos, com 34 dos 60 entrevistados relatando a falta de itens específicos.

O apoio à causa dos frigoríficos veio do Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, enquanto o embaixador francês, Emmanuel Lenain, se reuniu com autoridades brasileiras para apaziguar a situação. A Embaixada do Brasil em Paris também criticou a retórica de Bompard, destacando que a desinformação não é uma justificativa aceitável para campanhas negativas contra os produtos brasileiros.

O Carrefour Brasil, que é líder no varejo alimentar no país, respondeu à crise enfatizando seu compromisso com o agronegócio nacional e lamentando o impacto das decisões sobre seus clientes. “Infelizmente, a interrupção no fornecimento de carne afetará nossos consumidores, especialmente aqueles que confiam em nós para ofertas de qualidade”, disse um porta-voz da empresa.

Os acionistas da rede brasileira manifestaram preocupação com a repercussão das declarações e a possibilidade de um impacto negativo nas relações comerciais entre o Brasil e a França. A União Europeia, conforme dados recentes, representa apenas 3% das exportações de carne do Brasil, com a França respondendo por uma fração ainda menor, apenas 0,02%, evidenciando a importância dos mercados tradicionais, como a China, que absorve quase 50% das exportações brasileiras.

Alerta de última hora: a crise não só pode deturpar as relações comerciais, mas também impactar a reputação do Carrefour no Brasil, que já é o segundo maior mercado do grupo francês, perdendo apenas para a França. A repercussão dessa crise no varejo e possíveis ações do governo brasileiro ainda devem ser monitoradas de perto.