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China acelera incentivos e Xangai registra rali impressionante desde 2008

2024-09-30

Autor: Pedro

Em uma medida ousada para revigorar sua economia, a China anunciou uma nova rodada de incentivos que inclui a flexibilização das regras para a compra de imóveis em algumas das maiores cidades do país. Essa mudança fez com que os preços do minério de ferro disparassem e levou a bolsa de Xangai a registrar seu maior rali em 16 anos.

Por muito tempo, as regulações limitavam a compra de imóveis a moradores locais, uma estratégia destinada a controlar a especulação imobiliária. Agora, as barreiras foram derrubadas em Guangzhou, onde não haverá mais restrições para o número de propriedades que podem ser adquiridas. Além de Xangai e Shenzen, outras cidades também estão adotando essa flexibilização.

Recentemente, o governo chinês já havia reduzido as taxas de juros e os requerimentos de reservas de capital para os bancos, em uma tentativa de estimular a economia doméstica e conter a crise no setor imobiliário. O objetivo é alcançar um crescimento de 5% do PIB, um desafio em tempos de desaceleração econômica.

A partir de 1º de novembro, o Banco Popular da China permitirá o refinanciamento de hipotecas, possibilitando a renegociação das taxas de juros em financiamentos imobiliários. Com essa mudança, o valor mínimo de entrada para a compra de imóveis diminuiu de 20% para 15%, tornando mais acessível a aquisição de residências.

As reações do mercado são visíveis. Após atingir o ponto mais baixo em cinco anos, a bolsa chinesa viu um crescimento expressivo. O índice CSI 300, que representa as principais ações listadas em Xangai, subiu 8% em um único dia, a maior valorização diária desde 2008. No acumulado do mês, a alta já chega a 18%.

Analistas do UBS Wealth Management expressam cautela quanto à persistência dessa recuperação, alertando que ainda existem incertezas sobre a efetividade e a abrangência das medidas de estímulo. De acordo com um relatório, a confiança dos investidores aumentou, pois as instituições de regulação do mercado na China parecem estar mais articuladas em suas decisões.

O Bank of America também notou que a melhoria na comunicação das políticas poderia ter um impacto mais significativo do que as próprias medidas implementadas.

A valorização do minério de ferro, que cresceu mais de 11% em um único dia, também destaca a reação positiva às novas políticas. O preço da tonelada voltou a ultrapassar a marca de US$ 110, um valor que não era registrado desde julho, embora ainda distando dos preços de US$ 140 alcançados em janeiro. Esse aumento beneficiou as ações da Vale, que tiveram uma recuperação de 8% nos últimos pregões, embora no acumulado do ano ainda apresentem uma perda de 16%.

No entanto, a crise no setor imobiliário continua a impactar gravemente as siderúrgicas chinesas. Três quartos delas reportaram prejuízos no primeiro semestre, e há temores de falências iminentes. As grandes empresas do setor devem ser incentivadas a se consolidar, com previsão de que as cinco maiores controlam 40% do mercado até o final de 2025, enquanto as dez maiores deterão 60%.

Em meio à queda nas vendas internas, as siderúrgicas chinesas têm buscado expandir suas exportações, enfrentando no entanto barreiras antidumping em diferentes mercados internacionais.

A atual crise do setor é considerada mais severa e prolongada do que as recessões observadas em 2008 e 2015, levando o país a um momento crítico de reavaliação econômica e estratégica.

Diante do cenário desafiador, a China vê a necessidade de não apenas focar no setor imobiliário, mas também em inovações em ciência e tecnologia, evidenciando os erros cometidos por outros países como os EUA. O futuro econômico da China está em jogo, e movimentações imediatas são essenciais para restaurar a confiança e estabilidade.