Tecnologia

China Avança na Corrida da Inteligência Artificial e Desafia Domínio dos EUA

2025-03-16

Autor: Mariana

A corrida pela liderança em inteligência artificial (IA) ganhou novos contornos com a crescente preocupação dos Estados Unidos diante do avanço da China neste setor estratégico. Recentemente, a OpenAI, uma das principais empresas de IA do mundo, reconheceu que a situação é alarmante para os EUA. A gigante enviou uma proposta de políticas à Casa Branca que contém diretrizes e sugestões para o desenvolvimento da IA no país, em resposta a uma consulta pública iniciada pelo governo em fevereiro, referente ao Plano de Ação para IA (US Action Plan).

Segundo o documento, a administração Biden deve prestar atenção especial ao objetivo da China de se tornar líder em IA até 2030, conforme estabelecido no plano chinês lançado em 2017. Esse ano-alvo revela a ambição do governo asiático de ultrapassar os EUA em renovação tecnológica e inovação.

Um dos grandes trunfos da China, destacado pela OpenAI, é seu controle estatal centralizado, que permite à Pequim mobilizar recursos de forma rápida e eficaz, sem as complexas negociações que ocorrem nos EUA. Além disso, a China tem se aventurado em uma estratégia chamada "Rota da Seda da IA", buscando expandir sua influência por meio do financiamento e suporte tecnológico a países em desenvolvimento em troca da adoção de suas tecnologias.

Em resposta às sanções americanas relacionadas a semicondutores, a China investe pesadamente na construção de sua própria infraestrutura de chips, visando reduzir a dependência de tecnologias ocidentais. A OpenAI também menciona a startup chinesa DeepSeek como sendo uma potencial ameaça, embora suas afirmações sobre a IA ser "subsidiada e controlada pelo estado" careçam de evidências concretas. DeepSeek, um spin-off de um fundo de hedge, surpreendeu até mesmo o governo chinês com seu crescimento.

As chamadas "Six Tigers" da IA, seis startups de destaque na China, não incluem a DeepSeek. O CEO desta última teve a oportunidade de se reunir com o presidente Xi Jinping apenas após a notoriedade que a empresa recebeu no Vale do Silício, demonstrando a rápida evolução do cenário tecnológico.

A inter-relação entre o governo chinês e as empresas nacionais levanta animadas discussões sobre o papel da iniciativa privada sob um regime autoritário. Para muitos, a falta de transparência sobre como as regras funcionam na China gera desconfiança e um senso de insegurança nas empresas ocidentais. Os líderes empresariais dos EUA defendem a ideia de que a dominação da IA deve estar nas mãos de uma democracia, para garantir um uso ético da tecnologia.

A OpenAI, junto com Dario Amodei, CEO da Anthropic, está pressionando para que as autoridades americanas adotem medidas rigorosas de controle sobre exportações para impedir que a China acesse tecnologias avançadas, principalmente chips. O acesso a esses produtos é frequentemente visto como o ponto frágil da China na sua corrida pela inteligência artificial, apesar do país já ter se superado em artigos científicos e patentes no setor.

Embora as estatísticas mostrem que a indústria de semicondutores da China ainda está entre 3 e 5 anos atrás dos líderes mundiais, a OpenAI argumenta que a disputa de IA não é apenas uma competição econômica, mas sim um embate entre modelos de sociedade. Existe um temor de que, caso a China conquiste a liderança em IA, a tecnologia seja utilizada para fomentar sistemas de vigilância e controle social global.

Entretanto, não podemos ignorar que os principais modelos de IA da China são, em sua maioria, abertos e acessíveis, permitindo que qualquer usuário possa modificá-los livremente, contrastando com a abordagem proprietária defendida por empresas como a OpenAI. Recentemente, a startup americana Perplexity removeu impedimentos do modelo DeepSeek sobre temas sensíveis, como o Massacre da Praça da Paz Celestial, tornando evidente a flexibilidade e a abertura características dos modelos chineses, que ironicamente se opõem à rigidez imposta pelos sistemas ocidentais.

Assim, enquanto as tensões entre EUA e China na corrida da IA aumentam, a discussão sobre a ética e a governança das tecnologias emerge com força total.