China Critica Pressão dos EUA e Defende Cooperar com a América Latina
2025-04-16
Autor: Carolina
Na última quarta-feira (16), durante uma conferência, Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, abordou a cooperação de seu país com a América Latina e o Caribe, enfatizando que ela se fundamenta no "respeito mútuo, igualdade e benefício recíproco". Jian declarou que essa cooperação é "bem-vinda e aprovada" pelos governos locais da região.
A fala do porta-voz aludiu ao famoso livro "As Veias Abertas da América Latina", de Eduardo Galeano, para criticar a pressão exercida pelos Estados Unidos sobre esses países. "O saque dos EUA deixou a América Latina com as veias abertas", destacou Jian.
Essas declarações surgiram em resposta a críticas do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, que, durante uma visita à Argentina, alegou que os investimentos chineses na região são predatórios e tiram proveito das riquezas naturais.
Além disso, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, chamou a América Latina de "quintal" dos Estados Unidos, durante sua visita ao Panamá, onde buscou resolver questões relacionadas à venda de dois portos a um consórcio da BlackRock que teve bloqueios chineses.
Por que 'As Veias Abertas da América Latina' é Fundamental?
A obra de Galeano, publicada em 1971, é uma das mais influentes do pensamento crítico latino-americano. Ela não apenas critica a exploração do continente por potências coloniais e imperialistas ao longo da história, mas também aborda as formas modernas de dependência econômica e cultural impostos por países desenvolvidos.
O livro combina rigor histórico com uma linguagem acessível, misturando jornalismo, poesia e análise política. Isso o torna essencial para diferentes públicos, de intelectuais a cidadãos comuns, promovendo reflexões sobre desigualdade e miséria.
Nos anos 70 e 80, durante o auge das ditaduras militares na América Latina, a obra foi censurada, tornando-se um símbolo de resistência. Até hoje, ela continua relevante, criticando um modelo de desenvolvimento que transforma a região em mera fornecedora de matérias-primas.
A repercussão do livro extrapola o mundo literário. Em 2009, Hugo Chávez, então presidente da Venezuela, presenteou Barack Obama com um exemplar, chamando a atenção da mídia mundial e revivendo o interesse pela publicação.
"As Veias Abertas da América Latina" não apenas resgata uma história de exploração, mas também convida o leitor a imaginar alternativas de emancipação e justiça social, firmando-se como uma leitura indispensável até os dias atuais.