Hoje, o Nordeste do Rio Grande do Sul e o Sul e Leste de Santa Catarina enfrentaram uma forte tempestade, resultando em volumes alarmantes de chuva, com registros que chegaram e até superaram os 100 mm. Como previsto pela MetSul, as áreas costeiras, especialmente aquelas próximas à Serra do Mar, foram as mais afetadas.

Com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia, até o meio da tarde, as maiores quantidades em 24 horas foram observadas em Campo Bom, com 70 mm, Canela com 64 mm, Teutônia com 55 mm, e Rio Pardo com 42 mm.

O Centro Nacional de Monitoramento de Desastres também reportou acumulados de até 100 mm em Maquiné, 94 mm em Alto Feliz, 89 mm em Bom Princípio, 87 mm em São Sebastião do Caí, 75 mm em Venâncio Aires, 74 mm em Sapucaia do Sul e 73 mm em Gravataí.

Em Santa Catarina, as estações da Epagri-Ciram registraram 193 mm em Praia Grande, 110 mm em Siderópolis, 103 mm em Jacinto Machado, 97 mm em Nova Veneza e 91 mm em Meleiro. Já as leituras do Cemaden apontaram 110 mm em Timbé do Sul e 106 mm em Morro Grande.

Esses altos volumes de chuva, especialmente em Maquiné e Praia Grande, estavam entre os locais onde modelos de previsão meteorológica haviam indicado a possibilidade de precipitação intensa devido ao fenômeno da chuva orográfica.

A chuva orográfica ocorre quando a umidade proveniente do oceano, movida pelos ventos, encontra barreiras elevadas como a Serra do Mar. Ao chegar a essas barreiras, a umidade é forçada a subir, resfriando-se e condensando-se em gotículas de água que resultam em chuva intensa.

Para entender o fenômeno de forma simples: imagine exalar ar quente em direção a um espelho frio. O espelho se embaça, assim como ocorre quando o ar úmido e quente colide com a superfície fria das montanhas, resultando em precipitação.

Adicionalmente, o contraste de pressão atmosférica entre uma área de baixa pressão ao sul do Brasil e um centro de alta pressão a leste da Argentina provocou ventos moderados a fortes, arrastando umidade do Atlântico, cujas temperaturas estão acima da média. Este cenário favoreceu ainda mais o fenômeno da chuva orográfica, resultando em inundações significativas ao longo da Serra, afetando comunidades que já enfrentaram dificuldades em outras ocasiões por conta de chuvas intensas.

Assim, é essencial que as autoridades fiquem atentas e que os moradores da região se preparem, porque a previsão meteorológica aponta para mais chuvas na semana seguinte, que podem agravar a situação.