Uma base de pesquisa sul-africana localizada na Antártica está em meio a uma grave crise. Um dos pesquisadores reportou que um colega fez ameaças de morte e agrediu fisicamente outro membro da equipe. O alarmante incidente foi documentado em um e-mail enviado pelo denunciante, que não apenas descreveu suas preocupações sobre a própria segurança, mas também sobre a integridade dos seus companheiros.

Atualmente, a equipe de inverno, composta por 10 cientistas, está isolada na base SANAE IV (Expedição Antártica Nacional da África do Sul), em Vesleskarvet, na Terra de rainha Maud. Devido ao iminente agravamento das condições climáticas, com dívidas camadas de gelo e tempestades, a troca da equipe não está prevista para ocorrer até dezembro.

Segundo o jornal sul-africano Sunday Times, o e-mail destaca que o comportamento do pesquisador agressor já era motivo de preocupação, tendo havido vários episódios de violência documentados. O denunciante fez um apelo ao governo da África do Sul, solicitando "ação imediata". "Estou constantemente assustado, me perguntando se serei a próxima vítima", revelou o autor da mensagem.

Além disso, surgiram antecedentes sobre o comportamento do suspeito, que foram levantados antes da partida do navio SA Agulhas II, que levou a atual equipe à Antártica. Essa embarcação realiza a travessia entre a Cidade do Cabo e a base em um percurso de cerca de 4.000 km, podendo levar de 10 a 15 dias, dependendo das condições climáticas.

Em resposta ao grave incidente, o Departamento de Silvicultura, Pesca e Meio Ambiente da África do Sul (DFFE) anunciou que abriu uma investigação. Peter Mbelengwa, chefe de comunicação do órgão, afirmou que a situação está sendo tratada com urgência e que intervenções foram realizadas com todas as partes envolvidas.

O Ministro do Meio Ambiente, Dion George, também confirmou que está ciente do caso e que "uma intervenção está em andamento". O agressor aparentemente demonstrou arrependimento e se submeteu a uma avaliação psicológica voluntária. De acordo com o ministro, o ataque aconteceu após uma discórdia relacionada a uma tarefa climática que exigia mudanças no cronograma.

Dada a localização remota da base, uma evacuação de emergência é extremamente complexa. As opções mais próximas seriam um resgate na estação germânica Neumayer III, a cerca de 220 quilômetros, ou na base norueguesa Troll, localizada a 190 quilômetros a sudeste.

Vale ressaltar que essa não é a primeira vez que uma equipe de pesquisa sul-africana enfrenta episódios de violência. Em 2017, um incidente na Ilha Marion envolveu um pesquisador que atacou o laptop de um colega com um machado, após ter sua proposta de casamento rejeitada.

A base SANAE IV, que abriga três prédios interligados de dois andares, é um polo de pesquisa focado em estudos sobre campos eletromagnéticos da Terra, geologia e biodiversidade antártica. As autoridades da África do Sul continuam a monitorar a situação enquanto a equipe permanece isolada sob condições climáticas extremas, com temperaturas previstas entre -20°C e -30°C nesta semana. O que acontecerá a seguir? A tensão cresce na gelada Antártica!