Ciência

Cientistas Revelam Mapa Surpreendente do Cérebro de Mosca: Descobertas que Podem Transformar a Neurociência!

2024-10-03

O cérebro de uma mosca-das-frutas, menor do que uma semente de papoula, alberga uma complexidade impressionante em um espaço reduzido. Com mais de 140 mil neurônios interconectados por mais de 150 metros de fibras nervosas, essas conexões superam o comprimento de quatro baleias-azuis alinhadas.

Uma equipe de centenas de cientistas mapearam essas intrincadas conexões de forma notável e publicaram suas descobertas nesta quarta-feira (2) na revista Nature. Esse esforço ambicioso promete impulsionar a pesquisa sobre o sistema nervoso da Drosophila melanogaster e pode ter implicações significativas para a compreensão de cérebros mais complexos, incluindo o humano, que possui cerca de 86 bilhões de neurônios.

Neste projeto revolucionário, os pesquisadores não apenas mapearam o cérebro da mosca, como também conseguiram simular seu funcionamento através de um modelo de computador. Quando exposto a gostos simulados, o cérebro artificial foi capaz de gerar comandos adequados, como o movimento da língua para coletar alimento.

Sebastian Seung, um dos líderes do projeto em Princeton, observou que essas simulações lembram conceitos antigos sobre a possibilidade de 'upload da mente', uma ideia que já capturou a imaginação de muitos ao longo dos anos.

O trabalho começou em 2013 com Davi Bock, que então estava no Janelia Research Campus, onde os cientistas imergiram o cérebro da mosca em um banho químico e endureceram-no. Um total de 7.050 seções foram capturadas em cerca de 21 milhões de imagens, todas analisadas e interpretadas com ajuda de um software desenvolvido para identificar e classificar as diversas estruturas neurais.

Gregory Jefferis, da Universidade de Cambridge, contribuiu para classificar os neurônios em impressionantes 8.453 tipos distintos, estabelecendo um novo recorde em comparação ao mapeamento do cérebro humano, que possui apenas 3.300 tipos celulares identificados. Isso significa que a pesquisa sobre o cérebro da mosca pode abrir novas portas para a neurociência.

Os cientistas agora têm um entendimento mais detalhado de como diferentes tipos de neurônios funcionam. Por exemplo, alguns são responsáveis por interromper o movimento da mosca, bloqueando seus comandos de locomoção.

Além disso, Philip Shiu e sua equipe da Universidade da Califórnia, Berkeley, criaram um cérebro virtual da mosca, que foi testado quanto a suas respostas a estímulos, como a presença de açúcar. O resultado? O cérebro simulado respondeu exatamente como um cérebro real, estendendo a probóscide para consumir o néctar.

Anita Devineni, especialista em Drosophila da Universidade Emory, destacou o impacto dessa pesquisa, afirmando que o novo mapa é uma ferramenta valiosa para esclarecer experimentos. Ela elogiou a iniciativa dos cientistas: "Estamos utilizando isso em tudo que fazemos!"

Agora, as expectativas são altas. Os pesquisadores pretendem usar esse mapa revolucionário para desvendar regras universais que governam cérebros complexos. Contudo, eles também estão cientes de que cérebros maiores, como o dos mamíferos, podem seguir lógicas diferentes.

E o que vem a seguir? Os cientistas dão um passo ousado: a próxima meta é mapear o cérebro de ratos, um desafio que abrange um número muito maior de neurônios, cerca de mil vezes mais que nos insetos. Esse projeto ambicioso pode, com certeza, significar um avanço significativo em nossa compreensão sobre a neurociência e as funções cerebrais.