Saúde

Com cerca de 20% da população acima dos 60 anos, BH terá um Conselho do Idoso para cada regional

2025-03-31

Autor: Matheus

Belo Horizonte, cidade que se orgulha de sua rica história e cultura, também enfrenta um desafio crescente: o envelhecimento de sua população. Com o falecimento do escritor Fernando Sabino, que deixou um legado poético e reflexões sobre a infância e a velhice, a cidade viu sua população idosa praticamente dobrar desde o ano 2000, passando de 204.573 para 460.962 idosos, segundo o Censo 2022 do IBGE. Para lidar com essa realidade, a prefeitura anunciou a criação de nove Conselhos Municipais de Cuidado e Defesa da Pessoa Idosa em diversas regionais. Esses conselhos funcionarão diariamente, oferecendo orientação e apoio aos mais de 20% de moradores com mais de 60 anos, permitindo que envelheçam sem perder sua sensibilidade e dignidade.

Esses novos espaços de apoio terão como objetivo esclarecer dúvidas sobre direitos e receber denúncias de maus-tratos e abusos, com conselheiros especializados em saúde e ciências sociais prontos para ajudar. A subsecretária de Direitos Humanos, Luana Magalhães, salientou a importância da formação dos conselheiros, que deverão ser qualificados para lidar com questões relacionadas ao Sistema Único de Saúde (SUS), ao Estatuto do Idoso e a direitos humanos. Essa iniciativa visa criar um ambiente seguro onde os idosos possam buscar ajuda em situações de violação de seus direitos, com um atendimento efetivo que irá envolver as autoridades competentes imediatamente.

Diversas histórias de abandono e maus-tratos ilustram a urgentíssima necessidade desse projeto. Recentemente, a Casa de Apoio Chico do Vale acolheu uma idosa de 78 anos, diagnosticada com Alzheimer, que foi abandonada pela família em uma unidade de saúde. Essa é apenas uma entre muitas histórias tristes que revelam o descaso enfrentado por muitos idosos na capital. A coordenadora da Casa de Apoio, Helenice Natalina Silva, destaca que a recuperação desses idosos é um processo difícil, especialmente quando eles se sentem vulneráveis e abandonados.

Além disso, a violência contra os idosos em Minas Gerais aumentou 39% nos últimos quatro anos, conforme dados do Observatório de Segurança Pública. Isso resulta em uma média alarmante de 20.500 registros por ano de crimes contra idosos em Belo Horizonte, com estelionato e furto sendo os crimes mais comuns. A própria natureza da violência contra idosos muitas vezes a torna invisível, uma vez que muitos não reconhecem que estão sendo abusados, principalmente quando os agressores são familiares.

A criação dos Conselhos se mostra uma ação crucial para promover a defesa dos direitos da população idosa, atuando de maneira proativa para solucionar denúncias e problemas, ao mesmo tempo que reafirma o compromisso da cidade em enfrentar o envelhecimento populacional de forma digna e respeitosa. Os idosos poderão finalmente contar com um espaço onde suas vozes serão ouvidas e seus direitos, defendidos.

A sociedade precisa se mobilizar para garantir um envelhecimento saudável e ativo para todos, refletindo sobre o que significa envelhecer com qualidade. Portanto, é fundamental que a população compreenda seu papel na proteção dos mais velhos e que os novos conselhos não apenas integrem os idosos na sociedade, mas também promovam uma mudança de mentalidade acerca do envelhecimento.