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Como a Península vai ajudar o Carrefour a tentar aprovar a OPA

2025-04-02

Autor: Pedro

Às vésperas da assembleia decisiva sobre a proposta do Carrefour francês para retirar o Carrefour Brasil da Bolsa, o percentual de ações disponíveis para voto aumentou para 27,6%. Isso acontece em um momento crucial, e muitos olhos estão voltados para o que essa mudança pode significar para o mercado.

A Península, que anteriormente possuía 7,3% das ações do Carrefour Brasil e não poderá votar na assembleia devido à sua ligação com o controlador, anunciou uma reorganização societária e informou que o Península II Fundo de Investimento em Participações (FIP) – Multiestratégia já não está mais sob sua gestão.

Como resultado, os fundos da Península agora representam 4,9% do Carrefour Brasil. Este movimento é significativo, pois o FIP detinha uma fatia de 2,4% do capital da empresa. Com a dissolução do vínculo formal com a Península, essas ações serão consideradas parte do free float, ou ações livres, podendo assim votar na assembleia que ocorrerá na próxima segunda-feira.

Informações de fontes do mercado revelam que o FIP era uma parceria com o Fundo Soberano de Cingapura (GIC), que agora deve apoiar a operação de deslistagem e, após a votação, planeja vender suas ações do Carrefour Brasil. Essa manobra levanta questões sobre a transparência do processo e a verdadeira motivação por trás da reorganização, especialmente entre acionistas minoritários que consideram a oferta de R$ 7,70 por ação inaceitável.

Um acionista internacional expressou preocupação sobre o momento da alteração: “Como é possível desassociar-se de um bloco uma semana antes da assembleia e ser considerado independente?”, questionou, acrescentando que isso pode abalar a confiança dos investidores estrangeiros no Brasil.

As dificuldades para os acionistas descontentes em barrar a proposta já eram evidentes antes mesmo dessa nova contagem do free float. No entanto, um gestor de investimentos destacou que existem muitos fatores em jogo e que ainda não está nada decidido. Desde o anúncio da OPA, as ações do concorrente Assaí subiram 11%, enquanto as do Carrefour ficaram estagnadas com uma alta de apenas 0,9%, devido ao preço proposto pela controladora.

Esse cenário se torna ainda mais interessante quando consideramos que o Assaí é visto como um varejista robusto, e qualquer melhoria nas condições econômicas pode resultar em um lucro significativo para ele. A expectativa de um fechamento na curva de juros e um PIB mais favorável estão sendo citados como fatores que podem impactar o mercado.

Um observador do mercado comentou que a estratégia do controlador do Carrefour foi astuta. “Ele identificou um preço baixo e lançou uma oferta com 32% de prêmio em relação à média de 90 dias. Mas, 45 dias depois, o mercado inteiro subiu, o que torna a oferta menos atraente”, explicou.

Com a pressão crescente e uma percepção de que a oferta está se tornando cada vez mais indesejável, um colega gestor admitiu estar comprando ações do Carrefour, pois acredita que, se a oferta falhar, o preço das ações poderá convergir com o Assaí.

Em uma nota divulgada ao Brazil Journal, o Carrefour defendeu sua oferta como “justa, transparente e alinhada às melhores práticas de governança.” O controlador enfatizou que a transação reflete seu compromisso com todos os acionistas e visa um processo equitativo e objetivo, mas a polêmica continua a pairar sobre a mesa, deixando muitos investidores ansiosos e atentos ao desenrolar deste capítulo na história das aquisições no Brasil.