Como o aquecimento global está transformando o nosso esporte
2024-11-22
Autor: Gabriel
O atleta australiano Rhydian Cowley experimentou na pele os impactos devastadores do calor extremo. Durante o campeonato mundial de atletismo em Budapeste no ano passado, ele desmaiou no meio da prova de 35 km da marcha atlética devido às altas temperaturas, uma situação que não é única, visto que muitos atletas em diversos esportes têm enfrentado o mesmo desafio.
Cowley foi um dos protagonistas de um vídeo produzido pela World Athletics, a federação internacional de atletismo, onde atletas compartilham como o aquecimento global tem transformado seus treinos e competições. O vídeo foi exibido durante a COP29, a conferência climática da ONU, que ocorre este fim de semana em Baku, no Azerbaijão.
Recentemente, a World Athletics também divulgou uma pesquisa anual abordando a opinião dos atletas sobre questões sociais e ambientais. Entre 141 entrevistados de 51 países, impressionantes 70% afirmaram que as mudanças climáticas impactaram diretamente suas vidas, refletindo uma preocupação crescente entre esportistas de elite.
A COP é um evento crucial onde líderes mundiais, incluindo presidentes e primeiros-ministros, se reúnem em busca de soluções para salvar o planeta. Apesar das promessas feitas, a ação efetiva tem se mostrado escassa, e a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5 grau Celsius provavelmente não será alcançada. Para piorar, a Organização Meteorológica Mundial já anunciou que 2024 deve ser o ano mais quente da história, uma previsão alarmante que reforça a urgência de ações concretas.
Viver em um mundo que lida com as consequências de décadas de negligência política é cada vez mais desafiador. Eventos climáticos extremos, como incêndios, furacões, tempestades, secas e até terremotos, estão se tornando mais frequentes. Essas mudanças climáticas colocam em risco a sobrevivência de ilhas ameaçadas pela elevação do nível do mar, deslocam populações africanas incapazes de cultivar devido à seca e prejudicam comunidades vulneráveis no Brasil que sofrem com enchentes e deslizamentos em áreas de risco.
E, claro, esses fatores afetam profundamente o esporte, tanto profissional quanto amador. Atletas que competem em condições de calor extremo e ar poluído enfrentam riscos significativos à saúde, e os amantes de atividades ao ar livre, como o surf ou caminhadas na praia, precisam estar cada vez mais atentos ao perigo de deslizamentos e outros eventos climáticos.
Neste momento, estou escrevendo a partir de Milão, que se prepara para sediar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Inverno em 2026. Há uma preocupação crescente na Europa com a escassez de neve e gelo, e a crescente utilização de neve artificial levanta questões sobre o consumo excessivo de água e eletricidade, criando um dilema ambiental complicado.
Felizmente, Cowley superou seu desmaio no Mundial e, neste ano, conquistou a medalha de bronze nas Olimpíadas de Paris. Compreendendo a gravidade dos incêndios em sua terra natal, ele se tornou um embaixador de organizações que interligam o mundo do esporte e questões ambientais.
Mudanças nas nossas atitudes podem fazer uma grande diferença. Atitudes individuais, como reciclar, consumir menos, utilizar transporte público em vez de carro, evitar sacolas plásticas e reduzir o consumo de carne, são passos importantes. Além disso, é fundamental apoiar candidatos que tenham compromisso com políticas ambientais. Nossa sobrevivência, assim como a das futuras gerações, depende de ações coletivas e individuais que façam frente às crescentes ameaças que nosso planeta enfrenta a cada dia.