Mundo

Conflito EUA-China: Uma Crise Que Pode Além do Comércio

2025-04-12

Autor: João

A Tensão Continua Sem Sinal de Arrependimento

Nem Estados Unidos nem China mostram disposição para recuar nessa intensa crise. O presidente Donald Trump já diminuiu algumas tarifas, mantendo apenas uma mínima de 10% em relação à China. Recusar-se a negociar com Pequim, sem receber algo em troca, seria visto como uma humilhação política, e o governo chinês se recusa a discutir sob pressão tarifária, afirmando estar pronto para 'lutar até o fim'. O nacionalismo desempenha um papel crucial em ambos os lados.

Guerra Comercial em Risco de Escalar

Embora algumas opções de retaliação comercial sejam limitadas, há espaço para uma possível escalada. Os EUA isentaram certos produtos, incluindo minerais estratégicos que dependem amplamente da China, a qual domina 90% da produção global de terras raras essenciais para tecnologia e armamentos. Pequim já anunciou restrições às exportações desses minerais, mas um bloqueio total às vendas para os EUA poderia prejudicar seus próprios exportadores.

Impacto no Setor Agropecuário

Além disso, Pequim pode cortar a importação de produtos agropecuários dos EUA, como soja e carne, em resposta às tarifas já elevadas que afetam Estados republicanos. Essa medida poderia beneficiar o Brasil, que se tornaria um fornecedor alternativo.

Serviços e Cinema Sob Ameaça

Os dois países também estão se movendo para restringir o comércio de serviços. Em 2023, os EUA tiveram um superávit de US$ 27 bilhões na balança de serviços com a China, mas a recente decisão chinesa de limitar filmes americanos no país é uma mostra do que está por vir. A redução no consumo de entretenimento pode desestabilizar Hollywood, que depende consideravelmente do mercado chinês.

Novos Riscos Financeiros e Judiciais

Os EUA também estão contemplando medidas financeiras, como a revogação de licenças de operação de bancos chineses. O presidente Trump até cogitou tarifas sobre navios chineses que atuam em portos americanos. Por outro lado, a relação assimétrica entre as duas potências deixa a China mais vulnerável em um embate econômico.

Retaliações em Diversos Frontes

Além das sanções comerciais, a China pode retaliar politicamente, diminuindo a cooperação com os EUA em assuntos como o tráfico de fentanil, um opioide que causou milhares de mortes nos EUA. Pequim já era vista como um dos principais responsáveis pela fabricação ilegal desse narcótico.

O Foco no TikTok e a Influência na América Latina

Outra estratégia de Trump envolve o futuro do TikTok, com pressões para que a operação do app nos EUA seja controlada por interesse americano. Além disso, os EUA estão insistindo que a Argentina suspenda operações financeiras com a China, o que demonstra uma intenção clara de conter a influência chinesa na América Latina.

Ciberataques e Manobras Militares

Por fim, os riscos de retaliações na área de segurança estão crescendo. Especialistas sugerem que a China pode intensificar seus ciberataques aos EUA em retaliação, além de possíveis manobras militares em relação a Taiwan, como um bloqueio naval ou a ocupação de pequenas ilhas controladas por Taiwan, o que poderia escalar a tensão militar.