Corte de R$ 70 bilhões: mercado reage ao pacote do governo, mas a isenção do Imposto de Renda surpreende!
2024-11-28
Autor: Pedro
Na última quarta-feira (27), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou um pacote de corte de gastos do governo federal que será crucial para os próximos anos. A expectativa era de uma economia de R$ 70 bilhões ao longo de dois anos, uma informação que animou parte do mercado financeiro. Contudo, o anúncio da isenção do Imposto de Renda (IR) para trabalhadores com salários de até R$ 5 mil gerou polêmica e críticas entre os analistas e economistas.
A ação do governo, que corresponde a uma promessa feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), levantou preocupações sobre sua eficácia e impacto nas contas públicas. Enquanto a metade dos investidores consultados na sondagem da corretora BGC Liquidez acreditava que o corte seria uma boa notícia, 40% consideraram que o efeito seria neutro. Entretanto, muitos desses comentários foram feitos antes do anúncio da isenção de IR, o que trouxe mais incertezas sobre a sustentabilidade fiscal do plano.
"A isenção do IR provavelmente será aceita pelo Congresso, dada sua popularidade. Contudo, as medidas compensatórias para equilibrar as contas devem enfrentar resistência, o que pode resultar em um déficit no final das contas", comentou Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez. A tabela do IR atualmente isenta contribuintes que ganham até R$ 2.824, e a proposta de isenção adicional custaria aos cofres públicos cerca de R$ 45,8 bilhões, uma quantia que pode variar se haver mudanças na tabela que mantenham o foco em renda mais baixa.
Com a meta fiscal de zero déficit para 2024 e 2025, os especialistas estão céticos em relação à capacidade do governo de manter o equilíbrio entre receitas e despesas. De acordo com Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, o valor de R$ 70 bilhões por si só não seria suficiente: "Só para 2025, prevemos um rombo de R$ 55 bilhões. Para atingirmos a meta, precisaríamos contingenciar pelo menos R$ 20 bilhões". A situação é preocupante, pois há uma necessidade urgente de reduzir a relação dívida/PIB.
Adicionalmente, Andrè Roncaglia, do FMI, elogiou o pacote por tentar corrigir injustiças sociais, especialmente no que diz respeito a altos salários no serviço público. Entretanto, ele alerta que ainda é cedo para avaliar completamente os impactos das novas medidas, enfatizando a importância de um ajuste que seja mais equitativo e que não penalize os mais vulneráveis.
Os mercados já começaram a reagir às incertezas ligadas ao pacote de cortes. Nesta quarta, o dólar subiu 1,80%, atingindo R$ 5,91, o maior valor de fechamento da história, enquanto o Ibovespa caiu 1,73%, alcançando os 127.669 pontos. O desenrolar desse cenário econômico levanta a pergunta: será que o governo conseguirá equilibrar gastos e receitas sem sacrificar a recuperação econômica?