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Crianças e Adolescentes Costumam Ser Explorados em Plataformas como Kwai e TikTok: Entenda Como Isso Funciona!

2024-12-09

Autor: Maria

Crianças e Adolescentes Costumam Ser Explorados em Plataformas como Kwai e TikTok: Entenda Como Isso Funciona!

Em um ambiente digital dominado por aplicativos como Kwai e TikTok, crianças e adolescentes se tornam peças-chave de um complexo jogo de dados que alimenta sistemas de inteligência artificial (IA) sem que tenham plena consciência disso. Enquanto interagem de forma aparentemente divertida - curtindo perfis, assistindo a vídeos e realizando pesquisas - eles acabam executando microtarefas que beneficiam as empresas, que pagam quantias irrisórias em troca dos seus esforços.

Conteúdos Inadequados e Perigos Ocultos

Relatos indicam que muitos jovens são expostos a conteúdos impróprios, como linguagem violenta e jogos de apostas. Luan, um adolescente indígena de Baía da Traição (PB), comenta sobre a agressividade dos conteúdos que consumia. Além disso, há preocupação quanto à saúde mental; Martina, uma adolescente de 17 anos, revela que passou até 10 horas seguidas no Kwai para juntar apenas R$ 3. "É uma obsessão", conclui ela.

Regras de Idade Ignoradas

Embora a regra estipule que apenas aqueles com mais de 13 anos possam criar contas e que menores de 18 necessitem de autorização dos pais para ganhar dinheiro, muitos jovens relatam ter burlado essas limitações com facilidade. Apenas a digitação da data de nascimento é tudo que é necessário para se registrar. Isso levanta questões sérias sobre a proteção de dados pessoais, especialmente considerando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que impõe normas rigorosas para quem tem menos de 18 anos.

Do Lazer ao Trabalho Precarizado

As atividades realizadas pelos jovens muitas vezes são disfarçadas de brincadeira. Mas para psicólogos como Matheus Viana, essa noção de diversão esconde uma realidade preocupante: "Esses jovens estão sendo introduzidos ao mercado de trabalho de forma precoce e sem direitos."

Na verdade, tarefas como assistir a vídeos ou completar pesquisas servem para treinar algoritmos de aprendizado de máquina, gerando dados valiosos para as empresas. Os usuários recebem centavos a cada tarefa completada, que podem incluir desde visualizar vídeos até realizar check-ins em horários específicos, mas o retorno financeiro é praticamente nulo.

Os Custos Ocultos da 'Diversão'

Além da exploração financeira clara, a rotina de microtarefas e entretenimento online pode ter um custo emocional significativo. Crianças como Tomás, de apenas 9 anos, compartilham experiências em que a simples ação de apertar um ícone se transforma em um vício: "Eu cliquei no baú e não consegui parar". Especialistas alertam que o design desses aplicativos, que utiliza mecânicas de gamificação, é projetado para manter os usuários engajados, levando-os a perder noção do tempo.

Legislação em Evolução

A proposta de lei PL 2628/2022, que busca aumentar a proteção de dados de crianças e adolescentes, mostra que há reconhecimento da necessidade de um ambiente digital mais seguro. Especialistas como Rafael Zanatta ressaltam que as práticas enganosas das plataformas contrariam os princípios da LGPD, colocando em risco a privacidade dos jovens.

O Que Dizem as Plataformas?

Tanto Kwai quanto TikTok afirmam ter políticas para proteger usuários menores de idade e as informações que coletam. O TikTok, por exemplo, menciona o uso de tecnologia de aprendizado de máquina para monitorar contas suspeitas de serem de usuários com menos de 13 anos. No entanto, a eficácia de tais medidas é amplamente debatida.

As interações e dados gerados por crianças e adolescentes são, portanto, monetizados e utilizados em um modelo que beneficia as plataformas de forma exponencial. Sem que haja uma compensação justa ou um olhar mais atento para a saúde mental de seus usuários mais jovens, a questão da exploração digital permanece alarmantemente relevante.

Conclusão: É Hora de Repensar

Esse cenário evidencia a necessidade de uma discussão mais ampla sobre a ética no uso de dados pessoais e as responsabilidades das plataformas digitais. Enquanto jovens continuam a "trabalhar" nas sombras da diversão, é imprescindível que pais, educadores e legisladores se unam para garantir a proteção e um futuro mais seguro para as gerações mais novas.