Nos últimos tempos, os grupos criminosos como o Terceiro Comando Puro (TCP) e o Comando Vermelho, em colaboração com milícias, estão intensificando esforços para controlar não apenas o transporte por aplicativo, mas também a internet e serviços essenciais como fornecimento de água e energia elétrica. Esse movimento visa não só aumentar seus lucros, mas também consolidar seu domínio territorial, estendendo sua influência além das favelas onde atuam.

Operação da Polícia Militar

Na quarta-feira passada (19/3), a Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ) fez uma apreensão significativa em Brás de Pina, na Zona Norte, onde um veículo e uma escada de um provedor de internet foram confiscados. Este bairro está sob controle do traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão, uma figura proeminente do TCP. A presença desse provedor na região levanta suspeitas de que ele opera com alguma autorização do tráfico local, uma vez que os funcionários não enfrentaram problemas com os criminosos, ao contrário de outras empresas.

Investigação e prisão

Investigações adicionais revelaram que a apreensão ocorreu uma semana após a prisão de Renato de Oliveira, representante de outra empresa que atuava na mesma região, a RDO. A Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ) alega que Renato é um "laranja" da empresa, que na verdade parece ser uma fachada. Isso é reforçado pelo fato de que o CNPJ apresentado pela empresa, ao que tudo indica, pertence a uma firma de cestas básicas de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

Lucros e atividades ilícitas

As investigações demonstraram que o provedor ilegal estava gerando lucros significativos para a facção criminosa, dinheiro esse utilizado para financiar suas atividades ilícitas. O modus operandi desses bandidos é caracterizado por táticas agressivas, incluindo a sabotagem dos serviços tradicionais de internet. De acordo com a polícia, criminosos têm constantemente cortado e queimado cabos de fibra ótica, além de ameaçar e agredir os funcionários das operadoras, de modo a impedir a manutenção técnica em áreas sob o controle deles.

Ameaças a trabalhadores

Um dos casos mais alarmantes aconteceu quando funcionários da empresa RDO relataram agressões e ameaças. Um dos trabalhadores revelou que, após serem abordados, teve sua chave do carro roubada, ficando sem opção senão deixar o veículo abastecido com equipamentos da provedora. Outro possível ataque foi planejado, onde os bandidos ameaçaram incendiar um carro de uma das operadoras caso a taxa ao TCP não fosse paga.

Importância do controle da internet

O delegado Pedro Bittencourt, responsável pela Delegacia de Serviços Delegados (DDSD), destaca que o controle da internet é crucial para o fortalecimento do domínio territorial das facções criminosas. Com a internet se tornando um serviço cada vez mais essencial, ele enfatiza que essa exploração não é exclusividade de uma única facção, sendo uma prática comum entre diferentes grupos do crime organizado no Rio de Janeiro.

Ciclo de violência e corrupção

A situação se agrava, pois, embora a PM intensifique suas operações para combater essa prática, o ciclo vicioso de violência e corrupção continua a se perpetuar, exigindo medidas mais eficazes e coletivas de enfrentamento das facções e suas ramificações.