Crise de Insulina no Brasil: Descubra as Causas e o Que Acontece
2025-01-07
Autor: Pedro
O Brasil enfrenta uma crise alarmante no abastecimento de insulina essencial para o tratamento do diabetes. Entidades médicas e autoridades de saúde confirmam que o desabastecimento impacta milhares de pacientes que dependem deste medicamento vital. As causas incluem uma escassez global de insumos necessários para a produção da insulina, de acordo com informações recentes do Ministério da Saúde.
O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza dois tipos de insulina: Humulin ou Novolin NPH e Regular. Sylvio Provenzano, endocrinologista e membro do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), afirma que há uma grave falha na produção desses medicamentos, resultando em falta nas farmácias da rede pública.
Uma pesquisa realizada pela reportagem revelou que, ao contatar 13 farmácias na cidade de São Paulo, todas apresentavam níveis variados de desabastecimento. Sete farmácias não tinham insulina disponível, enquanto cinco apenas disponibilizavam recargas para canetas e uma tinha somente canetas de insulina regular.
Para pacientes com diabetes tipo 1, a insulina é uma necessidade fundamental, já que eles não conseguem produzir a substância em níveis adequados. Para diabetes tipo 2, o tratamento varia, mas a injeção de insulina também pode ser necessária em determinados casos. A situação é crítica, já que, segundo Provenzano, a falta de insulina pode levar pacientes a um coma diabético, que apresenta alta taxa de mortalidade, colocando ainda mais pressão sobre o sistema de saúde brasileiro.
Atualmente, não há dados oficiais sobre quantas farmácias e hospitais estão desabastecidos. O Ministério da Saúde, questionado sobre a situação, não se manifestou até o fechamento deste artigo. Contudo, uma nota divulgada pelo Ministério revelou que medidas estratégicas estão em andamento para enfrentar a escassez nas insulinas humanas NPH e regular, reconhecidas como essenciais para o tratamento tanto de diabetes tipo 1 quanto tipo 2 no Brasil.
Para 2024, o Ministério planejou a aquisição de 55,6 milhões de unidades de insulina, com um investimento de R$ 799 milhões. Para 2025, esse orçamento será ampliado para R$ 1 bilhão, visando atender à crescente demanda. No entanto, a Abrafarma (Associação Brasileira de Farmácias e Drogarias) informou não ter recebido notificações sobre a falta de insulina nas farmácias, mesmo com alerta anterior do laboratório Novo Nordisk, que indicou problemas na cadeia de suprimentos global.
Além disso, no final de novembro, o Ministério da Saúde firmou um acordo com a Novo Nordisk para receber uma remessa antecipada de 1,8 milhão de canetas de insulina até dezembro de 2024. Essas entregas visam garantir o abastecimento no SUS, mas ainda não há confirmação se a entrega foi efetivamente realizada.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) expressou sua preocupação quanto à grave falta de insulina no Brasil e destacou a urgência de restaurar o abastecimento contínuo e adequado desse medicamento para evitar consequências irreversíveis à saúde pública.
Em 2023, o Brasil já havia enfrentado escassez de insulina, sendo necessário recorrer a contratações diretas e licitações para garantir o fornecimento.
O QUE FAZER?
Diante dessa situação crítica, o Ministério da Saúde recomenda que os pacientes com receitas médicas para o tratamento com insulina busquem as Unidades Básicas de Saúde (UBS) se enfrentarem dificuldades para adquirir o medicamento em farmácias, incluindo as do programa Farmácia Popular.
O diabetes, uma das doenças crônicas que mais afetam a saúde pública, continua a crescer tanto no Brasil quanto no mundo. Dados da pesquisa Vigitel, realizada pelo Ministério da Saúde, indicam um aumento preocupante de 65% na taxa de adultos brasileiros com diabetes nos últimos 15 anos, passando de 5,5% da população em 2006 para 9,1% em 2021. A crise do abastecimento de insulina representa, portanto, uma catástrofe em potencial que precisa ser urgentemente resolvida.