Crise Política na França: União Inusitada entre Esquerda e Extrema Direita Derruba Primeiro-Ministro
2024-12-04
Autor: Matheus
Na quarta-feira, os deputados franceses aprovaram uma moção de censura contra o primeiro-ministro Michel Barnier, resultado de uma aliança surpreendente entre a esquerda e a extrema direita, na primeira vez em mais de 60 anos que tal intersecção ocorre na política francesa. A moção, que exige a saída do chefe de governo, foi aprovada por 331 dos 574 deputados, superando os 288 votos necessários para sua aprovação.
Michel Barnier, que assumiu o cargo há apenas três meses, havia sido nomeado pelo presidente Emmanuel Macron após as eleições parlamentares de junho, onde o bloco da esquerda triunfou, mas não obteve a maioria necessária para formar um governo. Essa nomeação gerou intensos protestos e clamor por parte da oposição, que encontrou uma causa comum para destituir Barnier.
Com a queda de Barnier, a pressão agora recai sobre Macron, que terá que decidir se vai negociar com os partidos predominantes no Parlamento ou indicar um novo primeiro-ministro, ação que pode resultar em mais agitação política e protestos em seu governo já desgastado. Fontes do governo indicam que uma nomeação pode ocorrer até o fim de semana.
A crise política é intensificada pela situação econômica precária da França, cuja dívida já apresenta níveis preocupantes. Recentemente, o prêmio de risco da dívida francesa se tornou quase igual ao da Grécia, destacando a vulnerabilidade econômica do país.
Além disso, a instabilidade na França é agrava por relacionamentos tensos com a Alemanha, que também enfrenta uma crise política e será forçada a antecipar suas eleições legislativas. Isso pode ter consequências para a União Europeia em um momento em que a política global está sendo moldada pelo retorno de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos.
O governo de Barnier se tornou o mais curto da Quinta República Francesa desde sua fundação em 1958. Vale lembrar que a última vez que um primeiro-ministro foi destituído por uma moção de censura foi em 1962, durante a presidência de Charles de Gaulle. A divisão política atual da Assembleia Nacional, que conta com três blocos principais — esquerda, centro-direita e extrema direita — reflete a crescente fragmentação do panorama político francês.
Com a rejeição de sua proposta de orçamento, que visava cortes significativos nos gastos públicos, Barnier viu sua base de apoio desmoronar. A pressão para uma nova proposta e a busca pela estabilidade política e econômica irão dominar as próximas semanas na França.