Saúde

'De simples constipação a amputações: a surpreendente história de Cláudia'

2025-01-07

Autor: Pedro

Cláudia Fontes, uma professora e mãe de quatro filhos, entrou no hospital acreditando que sofria apenas de uma constipação. No entanto, sua jornada de 63 dias internada, dos quais 10 em coma, revelou uma realidade devastadora. Ela precisou amputar mãos e pés para sobreviver a uma grave infecção.

O que inicialmente parecia ser apenas um incômodo era, na verdade, um cálculo renal preso no ureter combinado com uma infecção urinária aguda, que rapidamente evoluiu para sepse — uma condição que se caracteriza pela resposta exagerada do corpo a infecções.

Durante o tratamento, Cláudia chegou a sofrer uma parada cardiorrespiratória e ficou com a pele das extremidades escura, indicando que a gangrena já tinha se instalado. Ao despertar do coma, encontrou-se com mãos e pés enfaixados, e a difícil realidade da amputação se tornou inevitável. "Senti como se uma parte de mim tivesse sido queimada; minha pele ficou preta e dura, como se não fosse mais minha", recorda emocionada.

Após a amputação, Cláudia enfrentou o difícil desafio de se adaptar à nova vida. Ao retornar para casa, sem próteses e dependendo da ajuda de sua filha mais velha, Letícia, de 17 anos, ela percebeu o tamanho do impacto em sua rotina. "Eu não tinha nem cadeira de rodas e dependia de ser carregada. Minha casa tem dois andares, e subia as escadas engatinhando, como um bebê", explica.

Uma vaquinha online e a ajuda do Clube de Regatas Vasco da Gama, time do coração de Cláudia, lhe proporcionaram a aquisição das próteses para os membros inferiores, proporcionando-lhe a oportunidade de se mover com mais autonomia. "Quero muito conseguir as próteses para os braços, isso me daria uma verdadeira independência", afirma.

Além das dificuldades físicas, Cláudia lida com a dor emocional e a saudade de momentos simples, como dirigir e ir à praia. "Dirigir era uma liberdade que eu adorava. E já faz um ano que não vou à praia, que sempre foi minha conexão com Deus", lamenta.

Ela não se considera uma mulher forte, mas sim uma mãe que enfrenta diariamente os desafios impostos pela nova realidade. "Não existe glamour nessa história. Meu sofrimento é real e dividir isso nas redes sociais é uma forma de mostrar que a vida tem suas dificuldades e, mesmo assim, podemos encontrar a superação."

Diante do aumento de casos de sepse no Brasil, Cláudia se tornou uma voz de alerta sobre a conscientização da população. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 400 mil casos são registrados anualmente, com uma taxa de mortalidade alarmante de 60%.

A sepse pode ser provocada por diversas infecções e, por isso, reconhecer os sintomas precoces é essencial. Com sua história, Cláudia não só compartilha a luta por uma vida digna, mas também traz à tona a importância do diagnóstico e tratamento precoce de infecções que podem evoluir para situações extremas como a dela.

"Acredito que tudo acontece por um motivo. Se minha dor puder ajudar alguém a se cuidar e buscar assistência médica a tempo, já terá valido a pena", conclui Cláudia, com uma nova perspectiva de vida e esperança.