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Deficit Comercial com os EUA Pode Blindar o Brasil de Sanções de Trump, Afirmam Especialistas

2025-01-07

Autor: Pedro

O deficit comercial do Brasil em relação aos Estados Unidos pode proporcionar uma proteção estratégica para o país contra possíveis sanções tarifárias do novo presidente dos EUA, Donald Trump. Essa análise foi realizada pela secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Tatiana Prazeres, durante uma coletiva de imprensa.

Tatiana destacou que o governo brasileiro está focado em manter e expandir os laços econômicos com os norte-americanos, visto que em 2024, o Brasil registrou um deficit comercial de US$ 253 milhões, com exportações totalizando US$ 40,33 bilhões e importações chegando a US$ 40,58 bilhões. Isso garante que os EUA se tornem o segundo maior parceiro comercial do Brasil, evidenciando a interdependência econômica entre os dois países.

"Nos termos do balanço comercial dos EUA, o Brasil representa o sexto superavit comercial daquele país. Essa dinâmica deve ser considerada pelo novo governo americano, principalmente em um momento em que as tarifas estão na linha de frente das discussões comerciais", declarou a secretária.

Tatiana mencionou que as discussões do Diálogo Comercial Brasil-EUA, um canal direto entre o Mdic e o Departamento de Comércio dos EUA, têm sido fundamentais para reforçar as relações comerciais. O último encontro ocorreu em setembro de 2024, demonstrando um esforço contínuo para estreitar a colaboração entre os países.

Além disso, o fortalecimento das relações econômicas também é impulsionado pelos laços estreitos entre as empresas brasileiras e norte-americanas. "O significativo fluxo intercompanhia entre Brasil e EUA pode não apenas preservar, mas privilegiar essa relação comercial extremamente relevante", afirmou Tatiana.

Em 2024, o Brasil também alcançou um recorde de exportações para aproximadamente 50 países, incluindo gigantes como os Estados Unidos, Espanha e Canadá. Produtos como automóveis, aeronaves, carnes e minérios apresentaram um crescimento significativo nas vendas.

Contudo, as exportações para a China, que é o maior parceiro comercial do Brasil, caíram 9,3% no ano passado. Essa queda foi atribuída à diminuição nos preços das commodities e à desaceleração da economia chinesa. Em dezembro, o valor exportado para esse país despencou 40,2% em comparação ao mesmo mês do ano anterior.

Por outro lado, as importações brasileiras subiram 9%, fazendo com que o superavit da balança comercial diminuísse para US$ 74,55 bilhões. O aumento nas importações foi impulsionado principalmente por bens de capital, que alcançaram o maior nível em uma década, refletindo um investimento crescente em produção no Brasil. As importações de bens de consumo também registraram expressivas altas, com um aumento de 23,4% no ano.

Essas dinâmicas comerciais indicam que, enquanto o Brasil enfrenta desafios econômicos, as oportunidades de crescimento e expansão no mercado internacional continuam a apresentar um cenário complexo e de constante evolução.