Saúde

Desafios do Tratamento Oncológico pelo SUS: A Luta de Edivânia e Sérgio em Belo Horizonte

2024-11-17

Autor: Matheus

A frase "Se eu dependesse só do SUS, estaria perdida" de Edivânia Patrícia de Paula Santos, de 47 anos, reflete o desespero de muitos pacientes enfrentando o câncer no sistema público de saúde. Diagnosticada com câncer de mama em estágio avançado, ela teve que desembolsar cerca de R$ 4.500 em exames particulares para acelerar o diagnóstico e tratamento, já que o atendimento pelo SUS se mostrava extremamente lento.

O contexto é preocupante: em Belo Horizonte, 3.597 novos casos de câncer foram registrados apenas no primeiro semestre de 2024, segundo dados do Datasus. O problema se agrava quando se considera a complexidade de acesso aos serviços de saúde pública, especialmente em um estado onde os pacientes de outras cidades ainda dependem da capital para tratamento.

O que agrava essa situação é a promessa recente do prefeito reeleito Fuad Noman (PSD), que enfrentou sua própria batalha contra o câncer e se comprometeu a melhorar o atendimento oncológico. No entanto, a realidade encontrada por pacientes como Edivânia é um obstáculo imenso.

Edivânia iniciou sua jornada em busca de diagnóstico durante um autoexame em fevereiro de 2022, e as dificuldades só aumentaram depois disso. Mesmo após identificar um caroço, os atrasos para a realização de exames urgentes como a mamografia e a ultrassonografia quase custaram sua vida. O diagnóstico de câncer grau 4 foi um choque, e ela contou com a ajuda da família para conseguir os exames necessários em clínicas particulares.

Por outro lado, Sérgio Lopes Ferreira, de 45 anos e morador de Esmeraldas, enfrentou um cenário igualmente dramático. Dependendo de recursos limitados como flanelinha, ele dormia na calçada próximo à Santa Casa de BH para não perder consultas. Sérgio esperou meses pelo diagnóstico de câncer de reto, que foi identificado apenas após uma série de percalços e falta de adequação no sistema de saúde.

Dentro desse panorama, a burocracia se torna um inimigo adicional. Pacientes com diagnóstico de câncer enfrentam não apenas a doença em si, mas também um labirinto de exames, consultas e carências no sistema que frequentemente atrasam o início de tratamentos essenciais. A falta de prontuário eletrônico integrado resulta em dados perdidos e insegurança no tratamento.

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer, a situação é alarmante, uma vez que muitos pacientes diagnosticados não têm qualquer registro de tratamento. Isso se reflete nas estatísticas: em Minas Gerais, dos 35.673 diagnosticados no primeiro semestre deste ano, 23.600 não têm confirmação de início de terapia.

A luta de Edivânia e Sérgio demonstra a urgência de um sistema de saúde mais ágil e humano, e a necessidade de uma abordagem que inclua prevenção e educação sobre o câncer para a população. Ambos estão de pé para contar suas histórias, prontos para desmistificar a doença e lutar por um acesso igualitário ao tratamento de saúde, clamando por mudanças que possam realmente fazer a diferença na vida de muitos.