Descoberta de celular em sofá expõe esquema bilionário de tráfico no DF
2025-01-05
Autor: Ana
A Polícia Federal (PF) acaba de desmascarar um dos mais impressionantes esquemas de tráfico de drogas do Distrito Federal, que movimentou cifras astronômicas. O disparador dessa operação foi um celular encontrado estrategicamente escondido dentro de um sofá na casa de Ailton José da Silva, conhecido no submundo como "Calcinha", que se destaca como um dos líderes desse cartel.
Durante uma ação conduzida na residência de Ailton, a presença de um iPhone branco, oculto no sofá, se mostrou a chave para desvelar os intrincados detalhes das operações desta organização criminosa e suas ramificações. A análise técnica desse celular acabou sendo a ponta do iceberg que revelou uma rede complexa de tráfico.
Os dados extraídos do aparelho foram cruciais para aprofundar as investigações, revelando detalhes sobre a logística, métodos de transporte e os braços financeiros do tráfico. Isso permitiu à PF rastrear os fluxos monetários da quadrilha e identificar novos integrantes desse esquema.
Operação Rei do Skunk
A localização do celular ocorreu no contexto da Operação Rei do Skunk, que já mirava o tráfico internacional de drogas. As revelações feitas através do Smartphone foram tão impactantes que desencadearam um novo inquérito, culminando na Operação Siderado, que teve início em dezembro do ano passado. Essa operação resultou no desmantelamento de uma rede elaborada de tráfico e lavagem de dinheiro, que, em um período de dois anos, movimentou mais de R$ 2 bilhões.
Entre os dados coletados, os investigadores encontraram conversas que evidenciavam a colaboração de várias pessoas dentro da rede, incluindo fornecedores e consumidores. Tais informações ajudaram a PF a compreender a dinâmica da organização, desde o transporte até a lavagem de recurso ilícitos.
Além do tráfico, a organização liderada por Ailton, o "Calcinha", também estava envolvida em atos brutais, incluindo sequestros e torturas de membros suspeitos de traição. Durante os desdobramentos das investigações, ficou claro que uma “mula” do tráfico foi sequestrada e brutalmente torturada após ser acusada de desviar uma carga de drogas. Essa vítima passou por dias de cativeiro e agressões severas como forma de punição.
Uma Rede Internacional
As investigações revelaram que o esquema criminoso ultrapassava as fronteiras brasileiras. A organização respondia por uma rede internacional de tráfico de skunk, uma variedade potente de maconha, que era trazida da Colômbia e distribuída para estados brasileiros e até para países europeus.
Para executar o transporte da droga, o grupo utilizava empresas fachada, como a Dois Anjos Transportes e Mudanças, que disfarçavam cargas ilícitas como se fossem mudanças ou transporte de mercadorias normais. Essa abordagem metódica dificultou a detecção das operações pelo sistema de segurança.
A lavagem de dinheiro fazia parte integrante dessa operação, utilizando empresas de fachada e transferências financeiras secretas. A organização mobilizava grandes quantias para a Colômbia, abastecendo sua máquina de tráfico com novos suprimentos, enquanto ocultava os rastros do dinheiro em contas e empresas criadas para parecer legítimas.
Desdobramentos da Operação Siderado
A Operação Siderado levou à realização de 19 prisões e 13 mandados de busca em diversos estados, incluindo Goiás, Minas Gerais, Amazonas, Bahia e Distrito Federal. Além disso, 38 contas bancárias foram congeladas e as operações de sete empresas foram suspensas, num esforço efetivo para desmantelar esta poderosa rede criminosa.
Um dos líderes mais influentes do grupo foi excluído na Difusão Vermelha da Interpol, evidenciando a magnitude internacional do esquema de tráfico. As investigações continuam e a PF está determinada a eliminar as raízes desse crime que tanto afeta a sociedade.