As majestosas baleias sempre nos fascinam não apenas por seu tamanho impressionante, mas também por serem os animais com maior longevidade do planeta. Um estudo recente publicado no prestigiado Science Advances revelou que as baleias-francas-do-sul (Eubalaena australis) podem viver até 150 anos, um número que é surpreendentemente maior do que se imaginava anteriormente, que girava em torno de 70 a 80 anos. Além disso, essa descoberta pode abrir novas perspectivas sobre a longevidade de outras espécies de baleias.

Pesquisadores adotaram um método inovador para chegar a essa estimativa. Ao invés de analisar os restos de baleias falecidas, eles estudaram baleias vivas por meio de fotografias tiradas ao longo das décadas. O processo de identificação das baleias utiliza características únicas, como a forma da cauda, agindo como uma "impressão digital".

Metodologias convencionais costumavam contar os anéis de cera de ouvido ou analisar as proteínas oculares, uma técnica que agora parece estar ultrapassada. A nova abordagem consiste na criação de “curvas de sobrevivência”, que estimam a probabilidade de as baleias desaparecem do registro fotográfico à medida que envelhecem. Os dados revelam que cerca de 10% das baleias-francas-do-sul podem ultrapassar os 130 anos.

Curiosamente, essa longevidade não se aplica igualmente às baleias-francas-do-atlântico-norte (Eubalaena glacialis), que enfrentam sérios riscos devido a interações humanas, como enredamentos em equipamentos de pesca e colisões com embarcações. Estas baleias, que eram consideradas uma única espécie até 25 anos atrás, agora são categorizadas separadamente devido a essas diferenças significativas.

Vale mencionar que a longevidade das baleias da Groelândia, conhecida por viver mais de 200 anos, também levanta a possibilidade de que outras espécies de baleia possam ter longevidades ainda maiores do que se pensava. Isso ficou claro em um estudo de 2007, onde se descobriu que pontos de arpão de pedra antigos, datados de 1800, estavam incrustados na gordura de uma baleia recentemente morta.

A caça industrial de baleias, que foi predominante até a década de 1960, teve um impacto devastador na diversidade e na longevidade das populações de baleia, removendo as mais velhas e, portanto, as mais reprodutivas. Apesar da recuperação de algumas populações, o tempo é um fator crucial, uma vez que as baleias nascidas após o fim da caça ainda não tiveram a oportunidade de atingir idades mais avançadas.

Compreender a longevidade das baleias e de outros animais selvagens é vital para a sua conservação. Espécies que vivem mais, como as baleias, têm taxas de reprodução mais lentas, o que torna sua preservação ainda mais urgente. Proteger esses magníficos gigantes dos mares não é apenas uma questão de preservar a biodiversidade, mas também de garantir que continuemos a maravilhar-nos com sua presença nas águas do planeta por muitos anos.