Cientistas estão trazendo uma revolução para a saúde com a descoberta da nova molécula LaKe, que promete replicar no corpo humano os efeitos positivos gerados pela prática de exercícios intensos e jejum prolongado. Apesar de estar em fase pré-clínica e testada apenas em animais até o momento, os resultados iniciais são bastante promissores.

Durante exercícios extenuantes e períodos de jejum, o corpo libera substâncias poderosas como lactato e beta-hidroxibutirato (BHB), que estão atraindo cada vez mais a atenção da comunidade científica. A molécula LaKe age como um precursor dessas substâncias, aumentando suas concentrações no organismo quando administrada.

O pesquisador José Mill, da UFES e da Ebserh, enfatiza a importância das atividades físicas, que não apenas aumentam a produção de lactato e BHB, mas também melhoram a sensibilidade à insulina, promovem ganho de massa muscular e combatem a sarcopenia e osteopenia, além de ter impacto positivo na autoestima e qualidade do sono.

Embora a hipótese de um medicamento substituir exercícios físicos seja remota, Mill acredita que a pesquisa possa abrir portas para tratamentos inovadores, especialmente no combate à obesidade. Lactato e BHB são conhecidos por terem a capacidade de suprimir o apetite e retardar o esvaziamento gástrico. No entanto, é necessário mais estudo antes que um remédio chegue ao mercado.

Os testes realizados até agora foram feitos com camundongos, divididos em grupos que receberam LaKe ou placebo. Após administração, os níveis de lactato e BHB aumentaram significativamente, com o BHB mostrando um aumento de mais de 100% após 8 horas. Os resultados impressionantes foram publicados na prestigiada revista Journal of Agricultural and Food Chemistry.

Pesquisadores da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, pretendem conduzir estudos futuros para avaliar as respostas cardiometabólicas e neurológicas ao uso de LaKe, o que pode abrir novas possibilidades em tratamentos de condições metabólicas.

Embora o lactato tenha sido considerado apenas um resíduo metabólico no passado, atualmente é visto como um biomarcador importante que auxilia tanto atletas na avaliação de desempenho quanto na modulação do funcionamento cardiovascular. Estudos recentes, incluindo um publicado na Journal of Translational Medicine, mostraram que a infusão de lactato em porcos melhorou condições cardiovasculares, sugerindo que pode haver benefícios semelhantes em humanos.

Além disso, pesquisas anteriores indicaram que o BHB pode oferecer suporte à função cardíaca, com resultados positivos em pacientes tratados com essa substância. O potencial dos corpos cetônicos, como o BHB, como fonte de energia para as mitocôndrias e facilitadores de comunicação celular também têm sido alvo de investigações.

Entretanto, existe a necessidade de cautela, pois os efeitos colaterais potenciais ainda não foram totalmente elucidado. O professor Guilherme Speretta, da UFSC, aponta que é possível que o lactato esteja ligado ao desenvolvimento de câncer, o que levanta questões sobre sua segurança.

Para especialistas, é crucial lembrar que medicamentos não podem substituir a atividade física, uma vez que o corpo humano responde de forma única e necessária à produção dessas substâncias. A dosagem exógena, portanto, pode ser um desafio a ser superado.

Prepare-se: a descoberta de LaKe pode transformar nossa abordagem sobre saúde e bem-estar, mas os cientistas alertam para a importância da prática de exercícios físicos e de uma alimentação balanceada.