Após mais de um século perdido nas águas geladas da Antártida, o famoso navio Endurance, do explorador Ernest Shackleton, foi finalmente revelado em detalhes impressionantes em um formato 3D.

Localizado a 3.000 metros de profundidade no Mar de Weddell, o Endurance agora pode ser visto como se a água turva tivesse sido completamente drenada. Este feito notável foi possível graças a uma varredura digital realizada com 25 mil imagens em alta resolução, capturando a embarcação quando foi encontrada em 2022.

O material visual foi lançado recentemente como parte de um novo documentário chamado "Endurance", que promete ser um sucesso nos cinemas. Estudiosos e fãs da história enfrentam expectativas empolgantes ao mergulhar nos detalhes surpreendentes que ligam o passado ao presente, incluindo utensílios da tripulação, como pratos deixados pelo convés.

Entre os artefatos descobertos estão uma bota que possivelmente pertenceu a Frank Wild, o segundo em comando de Shackleton, e uma pistola de sinalização que foi mencionada nos diários da tripulação. Este objeto icônico foi disparado por Frank Hurley, o fotógrafo da expedição, como um tributo ao navio que se perdeu no gelo, realçando a dramaticidade de sua história.

O que torna essa descoberta ainda mais fascinante é o contexto da expedição de Shackleton. Ele liderou a Imperail Transantarctic Expedition com a intenção de fazer a primeira travessia terrestre da Antártida. No entanto, o navio Endurance encalhou em um bloco de gelo, forçando a tripulação a uma luta pela sobrevivência que durou meses, antes que o navio finalmente afundasse em 21 de novembro de 1915. Milagrosamente, todos os 27 homens da tripulação sobreviveram, após uma jornada extenuante sobre gelo e mar até encontrarem segurança.

O Endurance permaneceu desaparecido por mais de 100 anos, até sua descoberta que repercutiu mundialmente. As imagens revelam que o naufrágio é mantido em uma condição surpreendentemente preservada, mesmo após tanto tempo.

A nova recriação em 3D, feita por meio de robôs subaquáticos que mapearam os destroços de maneira detalhada, oferece uma visão completa do navio de 44 metros de comprimento, desde a proa até a popa. O modelo digital não só retrata a embarcação, mas também os sulcos esculpidos no sedimento, resultantes do movimento do navio até seu descanso final no fundo do mar.

Enquanto a estrutura do Endurance está praticamente intacta, as marcas do gelo que a cercava mostram o que aconteceu com o navio durante seu final trágico. Os descendentes de Shackleton afirmam que a embarcação nunca será removida do fundo do mar, e sua localização em uma parte remota do mundo torna qualquer nova visita um desafio significativo.

Por outro lado, a tecnologia desenvolvida por especialistas da Deep Ocean Search, em colaboração com a Voyis Imaging e a Universidade McGill, no Canadá, promete revolucionar o estudo da embarcação. A réplica digital do Endurance pode ser utilizada por cientistas para analisar a vida marinha que agora habita o naufrágio, estudar a geologia do fundo do mar e até mesmo descobrir novos artefatos que possam estar escondidos na proximidade.

"A condição do naufrágio é quase incrível. Parece que o navio afundou ontem", afirma Nico Vincent, co-líder da expedição. As novas tecnologias de captura de imagem e digitalização estão permitindo que a história de Shackleton e seu navio lendário continue viva de maneiras inesperadas, fascinando tanto historiadores quanto entusiastas de exploração.