Desvendando o Nostr: A Rede Social Anticensura Criada por Brasileiro Fã de Olavo de Carvalho
2024-11-30
Autor: Mariana
Em uma era de crescente censura e controle sobre as redes sociais, um programador brasileiro que atende pelo pseudônimo de "Fiatjaf" deu um passo audacioso ao criar, em 2020, o Nostr — um protocolo revolucionário que promete transformar a comunicação na internet.
O nome Nostr é uma sigla em inglês para "Notas e outras coisas transmitidas por relays", onde "relay" se refere a servidores que funcionam como retransmissores das publicações, que podem incluir textos, fotos e vídeos. O protocolo permite, inclusive, a criação de redes sociais inteiras e até mesmo sites completos.
O impacto do Nostr foi tão significativo que chamou a atenção de figuras proeminentes, como Jack Dorsey, fundador do Twitter. Em dezembro de 2022, Dorsey fez uma doação de 14 bitcoins — equivalente a aproximadamente R$ 8,2 milhões — para impulsionar o desenvolvimento do Nostr. Desiludido com as políticas de moderação de conteúdo do Twitter e sua própria tentativa de criar uma rede social descentralizada, o Bluesky, Dorsey viu no Nostr uma luz no fim do túnel para redes sociais que sejam verdadeiramente livres de censura.
A Gazeta do Povo conversou com Fiatjaf e Alex Gleason, um dos desenvolvedores do Nostr, que já havia sido envolvido em outro projeto de rede social descentralizada, o Mastodon. Eles explicaram que o Nostr é mais do que uma rede social: trata-se de um protocolo aberto, uma estrutura que permite que diferentes redes sociais sejam construídas sem depender de um controle centralizado.
Mas como essa tecnologia realmente funciona? Simplificando, um protocolo estabelece um conjunto de regras para a transmissão de dados entre dispositivos. O Nostr utiliza vários outros protocolos já existentes, como o TCP, mostrando uma integração inteligente com as tecnologias que já utilizamos na internet, como o HTTPS, que nos permite visualizar páginas web de forma organizada.
Esse sistema descentralizado é fundamental para garantir a liberdade de expressão. Fiatjaf observa que, embora o Nostr não seja completamente à prova de censura, sua arquitetura permite que pessoas censuradas em uma plataforma possam se mover para outra com relativa facilidade, preservando o legado da comunicação: os indivíduos podem interagir com conteúdo que está hospedado em servidores diferentes.
E qual é a situação atual do Nostr? Estimativas apontam que mais de 30 mil pessoas em todo o mundo estão utilizando o protocolo. Um dado interessante é que até agora, as chaves de contas foram geradas cerca de cinco milhões de vezes, embora muitas sejam de bots.
O perfil ideológico de Fiatjaf, que se inclina a visões libertárias e anarcocapitalistas, despertou reações variadas da mídia. Por outro lado, os desenvolvedores do Nostr estão cientes da necessidade de diversificar o ambiente da comunidade, para evitar a associação com o que chamam de "crypto bros", um grupo que muitas vezes é visto como homogêneo em suas ideologias. Eles desejam criar um espaço mais inclusivo, semelhante ao que existe em plataformas mais tradicionais, mas sem os mesmos excessos de controle e censura.
Além disso, o Nostr apresenta uma oportunidade de monetização diferente. Com a valorização do Bitcoin, as doações chamadas "zaps" oferecem aos criadores de conteúdo uma alternativa à monetização tradicional via anúncios, permitindo que eles sejam recompensados diretamente pelo seu trabalho.
Ainda há desenvolvimentos empolgantes à frente. Alex Gleason está atualmente focado em lançar uma alternativa ao Twitter no Brasil, chamada "Cobra Fuma", uma referência a corajosos soldados brasileiros da Segunda Guerra Mundial. Ele acredita que o tempo é propício para esse tipo de iniciativa, especialmente após a crescente insatisfação com as redes sociais tradicionais, que muitas vezes aplicam bans e censura de forma arbitrária.
A reação dos usuários e desenvolvedores em relação ao Nostr e suas possibilidades continua a evoluir, mas a esperança de uma internet mais aberta e menos controlada é o que move muitos envolvidos neste projeto. Com todos esses fatores em jogo, a pergunta que fica é: estamos à beira de uma nova era digital onde a liberdade de expressão possa realmente florescer? A resposta, sem dúvida, será moldada pela ação e compromisso da comunidade.