O documentário produzido pela Globoplay, que tem sua estreia marcada para a noite de hoje em São Miguel do Gostoso (RN), narra a vida de Maurício Kubrusly, um dos mais emblemáticos críticos musicais da televisão brasileira, que agora enfrenta o desafio da demência frontotemporal. Esta condição afeta sua memória a ponto de não lembrar mais de boa parte de seu trabalho, incluindo suas colaborações com artistas como Gilberto Gil. A esposa Beatriz é a única que ele ainda reconhece e, juntos, eles relembram a trajetória de sua vida, que se entrelaça com a música, um dos seus grandes amores.

Dirigido por Evelyn Kuriki e Caio Cavechini, o filme será exibido no Globoplay no próximo dia 4 de dezembro e promete oferecer um olhar sensível e intimista sobre a carreira de Kubrusly, que hoje tem 79 anos. O cineasta Eugenio Puppo, que coordena a Mostra de Cinema de Gostoso, elogia como o documentário não apenas revisita a carreira do jornalista, mas também traz à tona momentos de sua vida pessoal, mostrando seu cotidiano e batalhas diárias em meio aos desafios da doença.

Kubrusly foi um precursor na cobertura musical na televisão, reconhecendo talentos que compuseram o movimento da Vanguarda Paulistana, como Itamar Assumpção e Arrigo Barnabé. Luiz Tatit, que faz parte desse pano de fundo musical, reflete sobre o impacto de Kubrusly no cenário cultural brasileiro, ressaltando seu papel como “observador profundo da sensibilidade”.

Mesmo enfrentando as limitações impostas pela demência, Kubrusly ainda mantém um profundo amor pela música. Beatriz conta que ele é o “DJ da casa”, escolhendo diariamente trilhas sonoras que embalam seus dias e que refletem a alegria que a música sempre trouxe para sua vida. Nas filmagens, ele é registrado cantando junto a canções que evocam memórias, uma prova de que a música ainda permanece forte em sua essência.

Evelyn Kuriki, que trabalhou ao lado de Kubrusly por anos no programa Fantástico, cria uma narrativa que não se limita apenas a dados biográficos, com momentos que se tornaram emblemáticos em sua carreira, como seu famoso programa 'Me Leva, Brasil', que quebrava barreiras na reportagem. "Kubrusly sempre foi um jornalista inquieto, cheio de vida", recorda Evelyn.

E não para por aí! O ano que vem trará também a publicação de um livro intitulado “Kubrusly, lembra?”, escrito por Alberto Villas, complementando a obra do documentário com anedotas e memórias pessoais, incluindo histórias hilárias do cotidiano da redação. Este livro promete ser uma adição rica à narrativa de um homem que, mesmo com a memória falhando, sempre terá um legado imortal na história da música e do jornalismo brasileiro.

Os diretores esperam que o documentário sirva como um farol de esperança para aqueles que convivem com a demência e seus desafios. A maneira como Beatriz enfrenta a doença de Kubrusly pode oferecer conforto e inspiração, mostrando que ainda há beleza nas pequenas coisas e que relacionamentos significativos podem continuar, mesmo diante de adversidades. Com um público cada vez mais consciente da realidade da demência, este filme se torna uma oportunidade de reflexão e aprendizado para todos.