Dólar dispara e atinge R$ 6,20: O que está por trás dessa alta alarmante?
2024-12-17
Autor: Ana
O dólar à vista registrou uma forte alta nesta terça-feira, atingindo a marca de R$ 6,207, ampliando os ganhos significativos da véspera. A preocupação do mercado com o cenário fiscal do Brasil se sobrepôs ao impulso positivo de um leilão de dólares realizado pelo Banco Central, resultando em um clima de tensão entre os investidores, que ainda estavam digestando a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Por volta das 12h19, a moeda estava cotada a R$ 6,167 na compra e R$ 6,168 na venda, apresentando um incremento de 1,20%. No pregão anterior, o dólar encerrou com alta de 1,04%, também alcançando o maior fechamento nominal da história.
O Banco Central, em resposta à volatilidade do mercado, foi ativo no combate à alta da moeda americana, realizando um segundo leilão de dólares à vista no início da tarde, onde vendeu aproximadamente 2,015 bilhões de dólares. Apesar dessas intervenções, o dólar continuou a oscilar, uma vez que os investidores manifestaram receios sobre a possibilidade do governo não conseguir aprovar medidas de contenção de gastos até o final do ano.
Além disso, a ata divulgada pelo Banco Central destacava preocupações com a deterioração de componentes que afetam a política de juros, como a inflação e a taxa de câmbio. As expectativas de inflação, junto com o prêmio de risco, também foram citadas como fatores que contribuíram para a pressão sobre o câmbio. As preocupações fiscais se intensificam considerando a ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas negociações, enquanto ele se recupera de uma cirurgia, o que, segundo analistas, poderia atrasar a tramitação das medidas necessárias.
Especialistas no mercado financeiro, como Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital, alertam que a comunicação do Banco Central serve como um sinal de alerta ao governo, enfatizando a importância de políticas econômicas previsíveis e anticíclicas. A expectativa pelo pacote de cortes de gastos, junto com uma agenda legislativa apertada devido ao recesso, somente intensifica a pressão sobre a moeda.
Outra questão a ser observada é o movimento externo, onde a atenção do mercado está voltada para a reunião do Federal Reserve, prevista para ocorrer na quarta-feira. Espera-se que a autoridade monetária americana confirme uma redução na taxa de juros, o que pode influenciar ainda mais a volatilidade do dólar em relação ao real.
Os desdobramentos do cenário econômico brasileiro exigem atenção redobrada, pois a incerteza em relação ao pacote fiscal e a recuperação econômica do Brasil pode resultar em flutuações significativas na taxa de câmbio, impactando tanto a economia doméstica quanto os investidores internacionais.