
Dólar dispara para R$ 5,75: O que está por trás dessa alta surpreendente?
2025-03-24
Autor: Carolina
Na manhã desta segunda-feira, o dólar encerrou sua terceira sessão consecutiva de alta, atingindo R$ 5,75. Essa movimentação foi impulsionada por declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o arcabouço fiscal do país, além da pressão internacional sobre a moeda norte-americana, em meio a incertezas sobre novas tarifas comerciais que os EUA pretendem impor.
O dólar à vista fechou com uma alta de 0,65%, e em apenas três dias úteis, a moeda conseguiu acumular uma valorização de 1,84%. No entanto, ainda registra uma queda acumulada de 6,90% no ano. O dólar futuro para abril também apresentou valorização, subindo 0,52% e alcançando R$ 5,76 às 17h03.
Logo pela manhã, o dólar apresentou uma leve queda, mas rapidamente se recuperou, especialmente após os comentários de Haddad em evento promovido pelo Valor Econômico. Durante sua fala, o ministro enfatizou que a estabilidade da dívida pública, juntamente com uma Selic e inflação sob controle, permitiria ajustes no arcabouço fiscal, porém, sem alterações na estrutura fundamental de limite de gastos e metas de resultados primários.
"Quando o país tiver estabilidade da dívida em relação ao PIB, e uma Selic e inflação mais amenas, poderemos considerar mudanças nos parâmetros do arcabouço. Porém, não devemos alterar a arquitetura desse arcabouço”, destacou Haddad. Essas afirmações geraram nervosismo no mercado, uma vez que muitos investidores enxergaram riscos potenciais nas palavras do ministro.
Rodrigo Moliterno, da Veedha Investimentos, comentou que a fala de Haddad, embora tenha sido a favor da arquitetura fiscal atual, trouxe um certo desconforto entre os investidores, que reagiram rapidamente. Após oscilações, o dólar atingiu uma mínima de R$ 5,70, mas depois alcançou a máxima de R$ 5,77 no decorrer da manhã, refletindo a volatilidade provocada pela situação.
Após o evento, Haddad esclareceu em suas redes sociais que suas declarações foram distorcidas, reiterando seu apoio à manutenção do atual arcabouço fiscal. "Embora mudanças possam ser discutidas no futuro, reafirmo a importância do cumprimento das metas estabelecidas pelo governo", disse.
Além das incertezas internas, o mercado também fica atento ao cenário internacional. O presidente dos EUA, Donald Trump, comunicou a possibilidade de anunciar novas tarifas sobre setores chave como automóveis e produtos farmacêuticos, o que agita ainda mais o ambiente financeiro.
A Bloomberg e o Wall Street Journal noticiaram que as tarifas específicas podem ser adiadas até 2 de abril, quando se esperam novas medidas em relação às tarifas recíprocas. Na tarde desta segunda-feira, o dólar se mantinha forte, com o índice de desempenho da moeda frente a outras divisas subindo 0,24%, refletindo a confiança dos investidores na moeda americana.
Por fim, o boletim Focus do Banco Central trouxe uma atualização sobre as projeções do mercado, sinalizando uma leve queda nas expectativas de cotação do dólar para o fim de 2025, de R$ 5,98 para R$ 5,95. Essa mudança na análise aponta um mercado cauteloso, refletindo as inseguranças tanto internas quanto externas.
A oscilação observada no câmbio deve ser acompanhada atentamente pelos investidores e pelas autoridades econômicas, dado o impacto que isso pode ter sobre a inflação e a economia nacional.