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Dólar se aproxima dos R$ 6,20: O que está por trás dessa alta preocupante?

2024-12-18

Autor: Carolina

O dólar operava em alta frente ao real nas primeiras negociações desta quarta-feira (18), ampliando os ganhos da véspera, enquanto os investidores analisavam a aprovação do texto-base de uma das propostas do pacote fiscal do governo na Câmara dos Deputados. O mercado está atento à decisão do Federal Reserve (Fed) que ocorrerá ainda hoje.

Às 13h05, o dólar à vista subia 1,48%, cotado a R$ 6,186 na compra e R$ 6,187 na venda. Os contratos futuros na B3 também acompanharam essa tendência, com o contrato de primeiro vencimento apresentando uma alta de 0,40%, alcançando 6,136 pontos. A situação se intensificou considerando que na terça-feira, o dólar fechou em alta de 0,10%, atingindo R$ 6,0982, o maior valor nominal de fechamento da história.

O que está impulsionando essa alta do dólar? A atenção dos investidores continua voltada para a tramitação das medidas de contenção de gastos do governo. Há receios de que essas propostas não sejam votadas até o final do ano ou que sofram modificações que reduzam sua eficácia. O recesso no Congresso começa na sexta-feira, o que aumenta a urgência da aprovação.

A Câmara dos Deputados aprovou na noite de terça-feira o texto-base do Projeto de Lei Complementar 210, que impõe limites ao crescimento das despesas com pessoal e incentivos tributários em caso de déficit primário. O presidente da Câmara, Arthur Lira, afirmou que os outros dois projetos do pacote do governo devem ser analisados no plenário ainda nesta quarta.

Contudo, mesmo com essas iniciativas, o mercado ainda não parece estar convencido, e a alta do dólar continua. Segundo Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, o mercado poderá se acalmar se todas as propostas do governo forem aprovadas ainda esta semana. Entretanto, ele alerta que o atual pacote é considerado "medíocre e insuficiente", o que gera a necessidade de novos anúncios para ajustar as expectativas do mercado.

Diante da desvalorização do real, que vem sendo alarmante, o Banco Central tem promovido intervenções no mercado cambial, realizando leilões extraordinários de venda de dólares. Apenas na terça-feira, o Banco já tinha vendido mais de 3,2 bilhões de dólares em dois leilões, totalizando mais de 12,75 bilhões de dólares desde o início da sequência de intervenções. No entanto, esses leilões têm conseguido apenas amenizar temporariamente os ganhos da moeda americana.

Os operadores de mercado estão preocupados com a possibilidade do Brasil entrar em um cenário de dominância fiscal, onde a perda do controle orçamentário pode desestabilizar ainda mais a economia, tornando ineficaz a política monetária do Banco Central.

No cenário internacional, os mercados aguardam com cautela a decisão do Federal Reserve sobre a taxa de juros, com expectativas de uma possível redução de 0,25 ponto percentual. As novas projeções econômicas que serão divulgadas podem influenciar a política monetária para o próximo ano, e um afrouxamento gradual das taxas de juros nos EUA pode valorizar ainda mais o dólar, dificultando a situação para as moedas emergentes, especialmente em 2025.