Economista do Itaú Alerta: Consignado Privado Pode Acelerar Inflação e Ir Contra Política do BC
2025-04-24
Autor: Matheus
A nova modalidade de crédito consignado privado, que promete facilitar a vida financeira dos brasileiros e atrair uma enorme demanda, pode trazer efeitos adversos para a economia. Segundo Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, essa inovação, embora positiva, pode colidir com as metas do Banco Central de desacelerar a inflação.
Mesquita explicou que muitos consumidores que já utilizam crédito pessoal devem migrar para o crédito consignado, por oferecer juros mais baixos e prazos mais vantajosos. Porém, essa substituição pode, paradoxalmente, aquecer a economia em um momento em que a autoridade monetária busca exatamente o oposto.
"O Banco Central deixou claro que seu objetivo é desacelerar a economia para combater a inflação. Portanto, essas inovações financeiras, embora bem-vindas a longo prazo, podem dificultar o controle da inflação no curto prazo", alertou o economista.
A alta inflação, que longe de estar sob controle, é uma preocupação crescente para o Brasil. Mesquita menciona que as expectativas de inflação estão acima da meta, contribuindo para um cenário econômico desafiador. Contudo, a correta evolução do cenário internacional pode oferecer uma oportunidade de desinflação, ajudando o Brasil a alcançar a meta mais rapidamente.
As projeções do Itaú Unibanco indicam um crescimento de 2,2% para 2025 e 1,5% para 2026, com a taxa Selic prevista em 15,25% para este ano, seguida de uma leve redução nos anos seguintes.
Sobre a proposta do governo de isentar do Imposto de Renda pessoas que ganham até R$ 5 mil, Mesquita acredita que a aprovação ocorrerá, mas com compensações apenas parciais. Ele projeta que, dos R$ 40 bilhões necessários para isso, cerca de R$ 20 bilhões podem vir do Congresso.
Ainda em termos tributários, a ideia de uma taxa sobre grandes fortunas enfrenta resistência, sendo mais simbólica do que eficaz, segundo o economista. Porém, ele defende uma reforma que busque um sistema tributário mais progressivo.
A questão do crescimento da dívida pública brasileira, que deve alcançar cerca de 80% do PIB em 2025, é outra preocupação de Mesquita. Ele sugere que o caminho para um controle mais eficaz dessa dívida é a reimplementação de um teto de gastos: "Voltando para o teto de gastos, é possível recuperar nossa credibilidade e, consequentemente, reduzir os juros."
Com os desafios fiscais em pauta, ele critica a lentidão em abordar o crescimento das despesas públicas, reiterando que ajustes precisam ser feitos, independentemente do futuro presidente escolhido em 2026.