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Economistas alertam: Brasil precisa de medidas radicais para controlar gastos públicos

2024-11-25

Autor: Fernanda

O cenário econômico brasileiro é preocupante. Em uma recente análise, economistas levantaram a necessidade urgente de um consenso no governo para implementar um ajuste fiscal mais radical. Segundo Ana Paula Vescovi, economista-chefe do Santander Brasil e ex-secretária do Tesouro Nacional, o nível de poupança do setor privado brasileiro é semelhante ao de outras nações, mas a despesa pública, por outro lado, é alarmante.

Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual e ex-secretário do Tesouro, destacou que o Brasil se tornou um "país viciado em gasto público". Entre 1995 e 2015, o crescimento médio real do gasto federal sem incluir juros foi de impressionantes 6% ao ano. O anúncio recente do governo de um teto de aumento de 2,5% nos gastos provocou uma breve esperança no mercado; no entanto, essa expectativa começou a se esfumar à medida que as despesas obrigatórias superaram as projeções.

"Com a aceleração da dívida pública, a confiança no plano inicial do governo foi se dissipando. Para reverter esse quadro, serão necessárias medidas mais ousadas de controle de gastos", afirmou Mansueto. Economistas alertam que o problema central do Brasil reside nas despesas fixas que crescem descontroladamente, exigindo uma reavaliação das prioridades orçamentárias.

Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos, comentou que a arrecadação proposta pelo governo, com possíveis economias de até R$ 30 bilhões, é secundária em relação à revisão das regras de gastos obrigatórios. "Nos últimos três anos, a indexação do orçamento até piorou, tornando-o mais rígido e menos flexível para ajustes." Além disso, ele ressalta que o salário mínimo, apesar de importante, penaliza a estrutura de despesas públicas quando indexado sem critério econômico.

A projeção é de que as despesas totais subam cerca de 3%, e a dívida pública pode crescer entre 12 a 13 pontos do PIB até o final do atual governo. Essa situação gera um clima de incerteza, visto que muitos elementos da economia não estão se alinhando como deveriam. Megale acredita que, se a carga tributária não aumentar - e ela já é considerada elevada - a inflação terá que subir para acomodar essas mudanças.

As expectativas para o crescimento dos gastos no setor público em 2023 foram otimizadas com promessas de ajustes, mas a realidade indicou um verdadeiro "liberou geral" em despesas. O risco agora é que, se não forem adotadas medidas efetivas, o ajuste fiscal em 2025 poderá ser ainda mais severo. "A situação está levando o Brasil a uma freada brusca na política fiscal, que precisa ser urgentemente ajustada para evitar descarrilamentos maiores", alertou Megale.

Ele enfatiza que a receita esperada a curto prazo será menor, forçando o governo a implementar rapidamente as reformas necessárias. A análise de experts como Mansueto e Megale sublinha a importância de uma conscientização social sobre a crítica necessidade de controlar o crescimento das despesas públicas, ou o país enfrentará a inevitabilidade de um aumento na carga tributária.