Editora do jornal "Die Welt" deixa cargo em protesto contra Elon Musk
2024-12-30
Autor: Maria
A editora de Opinião do renomado jornal alemão Die Welt, Eva Marie Kogel, pediu demissão em um ato de protesto após o veículo publicar um controverso artigo do empresário Elon Musk. Musk, que é conhecido por suas críticas contundentes e sua influencia nas redes sociais, atacou o Die Welt por rotular o partido AfD (Alternativa para a Alemanha) de extrema direita.
Kogel formalizou sua demissão na última sexta-feira (27 de dezembro de 2024), logo após a decisão do jornal de veicular o polêmico artigo de Musk na edição impressa de seu caderno dominical, Welt am Sonntag. Em uma publicação em sua conta na rede social X, Kogel lamentou a situação e disse: "Sempre gostei de chefiar o departamento de opinião do 'Welt' e 'WamS'. Porém, a partir de hoje, não posso mais fazer parte disso."
No artigo, Musk argumenta que os partidos políticos tradicionais da Alemanha não conseguem lidar com a estagnação econômica do país e o aumento da agitação social, além de criticá-los pela perda da identidade nacional. Ele escreveu que a Alemanha se tornou "confortável com a mediocridade" e abordou as tensões culturais geradas pela imigração.
Musk, nascido na África do Sul e naturalizado norte-americano em 2002, também expressou apoio ao AfD em suas publicações recentes, considerando o partido como "a única esperança para a Alemanha". Ele desafiou a classificação do AfD como extrema direita, alegando que o partido está comprometido com uma política de imigração controlada que prioriza a integração cultural.
Uma parte especialmente polêmica do artigo de Musk refere-se à líder do AfD, Alice Weidel, que é uma mulher abertamente homossexual e tem uma parceira do Sri Lanka. Musk questionou a alegação de que a AfD é extremista deixando claro que a sexualidade de Weidel contraria essa narrativa.
O texto de Musk foi publicado como resposta crítica a um artigo do editor-chefe do Die Welt, Jan Philipp Burgard, que questionou a ideia de Musk de que apenas o AfD poderia reformar a Alemanha. Burgard afirmou que a AfD tem tendências xenófobas e antissemitas, o que a torna um perigo para o país.
Enquanto isso, a AfD continua ganhando força nas pesquisas de opinião, ocupando o segundo lugar nas intenções de voto, e pode afetar as possíveis coalizões no futuro governo, previsto para ser eleito em 23 de fevereiro de 2025. O governo atual, liderado pelo chanceler Olaf Scholz, enfrenta uma crise severa, aumentando as incertezas políticas no cenário alemão.
Essas mudanças refletem um clima de polarização crescente na política europeia, onde os discursos de figuras como Musk têm ecoado e gerado debates acalorados sobre imigração, identidade e as diretrizes políticas do futuro da Alemanha.