Nação

Eleições 2024 em Belém: O fracasso do Psol e a queda da administração municipal

2024-10-07

Autor: Matheus

Em uma reviravolta inesperada nas eleições municipais de Belém (PA), o único candidato do Psol, Edmilson Rodrigues, que tentava a reeleição, não conseguiu avançar para o segundo turno. Com apenas 9,78% dos votos válidos, o prefeito saiu derrotado, somando pouco mais de 78 mil votos. Essa derrota representa a perda da única capital brasileira que era governada pelo partido.

Avançando para o próximo estágio eleitoral, os candidatos Igor Normando (MDB) e Delegado Éder Mauro (PL) lideram a corrida pela prefeitura, recebendo 44,89% e 31,48% dos votos válidos, respectivamente, segundo os resultados da apuração realizada neste domingo (6).

Além dos impactos diretos para o Psol, a derrota também se reflete no Partido dos Trabalhadores (PT), que tinha Edilson Moura, atual vice-prefeito, na chapa como vice-candidato. O PT, que ocupa três secretarias na gestão municipal, também sente o peso dessa perda em sua base política local.

Um novo prefeito terá o desafio de coordenar a cidade durante a COP30, a 30º Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que será realizada em Belém no próximo ano. A escolha da cidade como sede foi promovida pessoalmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vê a COP30 como uma vitrine para as iniciativas ambientais do governo federal. Para apoiar a realização deste evento, Belém recebeu um investimento robusto de R$ 1,4 bilhão da Itaipu Binacional, que é dirigida pelo ex-deputado federal Íninho Verri (PT).

Igor Normando, candidato do MDB, conquistou 359.904 votos, tendo o apoio do governador Helder Barbalho. As articulações para uma possível coalizão em torno da reeleição de Rodrigues não prosperaram, levando o clã Barbalho a lançar uma candidatura própria.

Um dos maiores receios da esquerda nas eleições é o avanço do Delegado Éder Mauro, que ficou em segundo lugar no primeiro turno com 252.455 votos. Ele é um deputado federal com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro e sua candidatura se fortalece a cada dia.

A rejeição a Edmilson Rodrigues é alarmante, com índices de desaprovação que chegaram a 75%, conforme uma pesquisa recente do Instituto Paraná Pesquisas. Problemas na coleta de lixo e deficiências na saúde pública contribuíram para essa imagem negativa, o que gerou insatisfação popular. Na gestão de Rodrigues, a cidade acumulou sérios problemas de acúmulo de lixo nas ruas, devido a uma dívida de R$ 15 milhões com as concessionárias responsáveis pelo serviço. O prefeito, em defesa de sua administração, aludiu à responsabilidade da gestão anterior e prometeu uma nova licitação para resolver a situação, que se arrasta desde junho do ano passado, mas sem soluções definitivas até o presente momento.

E para piorar, Rodrigues se ausentou por 10 dias para uma viagem a Dubai para acompanhar a COP-28 em meio a essa crise local. Sua administração também foi alvo de críticas devido à escassez de medicamentos e leitos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), além de atrasos nos salários dos servidores, o que levou a greves durante o ano passado.

A relação do prefeito com a Igreja Católica também ficou tensa. Em setembro de 2022, ele se desentendeu publicamente com a arquidiocese de Belém ao afirmar que o tradicional Círio de Nazaré pertencia ao povo e não mais à Igreja. A declaração gerou reações fortes da comunidade católica, que disse que a festa sempre foi da Igreja Católica Apostólica Romana.

Adicionalmente, a noiva de Rodrigues, Nayra da Cunha Rossy Santos, está sendo investigada pelo Ministério Público devido à acumulação de cargos públicos, o que gerou mais dúvidas sobre a gestão do prefeito.

Dentro de sua própria legenda, o Psol também enfrenta dificuldades. A vereadora Professora Silvia Letícia, que desafiou a liderança de Rodrigues, lançou uma candidatura própria e está enfrentando um processo de expulsão do partido. A deputada federal Sâmia Bomfim, solidária à Silvia, fez críticas abertas ao prefeito, ressaltando que uma gestão do Psol não deveria repetir os erros de Rodrigues, que é considerado um dos piores gestores do país.

No cenário atual, a escolha do novo prefeito de Belém será crucial, não apenas para a cidade, mas também para as próximas diretrizes políticas do país.