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Eleições Municipais 2024: A Direita Avança, mas Surge Fragmentação e Dúvidas Sobre o Futuro do Bolsonarismo!

2024-10-07

Autor: João

O primeiro turno das eleições municipais de 2024 revelou um panorama que já era previsto nas últimas pesquisas de intenção de voto. Um aumento significativo no número de prefeituras que serão lideradas por partidos do Centrão e da direita foi registrado, reforçando uma tendência de crescimento desse setor político no Brasil.

Comparando com 2020, quando as cinco principais legendas de direita (MDB, PP, PSD, PSDB e DEM) conquistaram 3.223 prefeituras (57% do total), em 2024, essas mesmas legendas venceram em 3.613 municípios, totalizando 64% das prefeituras em todo o país.

Embora os resultados possam parecer contraditórios, especialmente à luz das derrotas nas eleições presidenciais de 2022 e das controvérsias envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, especialistas acreditam que essa vitória de partidos de direita representa uma "separação" entre a direita tradicional e o bolsonarismo. Segundo análises, muitos candidatos optaram por distanciar-se das questões ideológicas, priorizando temas concretos que afetam a rotina dos cidadãos nas cidades.

Esta tendência não só sugere um novo cenário de competição entre os partidos da direita, como também pode sinalizar perspectivas mais favoráveis para as eleições gerais de 2026. A fragmentação da direita pode ter origem na necessidade de novos líderes emergirem, que não estejam necessariamente associados a Bolsonaro. O PSD e o União Brasil, por exemplo, foram fundamentais nesse movimento, aumentando significativamente suas representações nas prefeituras.

Os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que, enquanto o PL (partido de Bolsonaro) aumentou seu número de prefeituras de 344 em 2020 para 523 em 2024, outros partidos como o PSD e o União Brasil cresceram ainda mais, criando um campo de direita diversificado e, em certa medida, fragmentado.

Diz o doutor em Ciência Política, Vinícius Alves: "Não se pode atribuir toda a vitória da direita ao bolsonarismo. Os partidos de centro-direita estão se afirmando e modificando a dinâmica política". Os pesquisadores apontam que o fortalecimento da direita pode estar descolado do bolsonarismo, que enfrenta resistência em alguns contornos, especialmente nas áreas urbanas e entre eleitores de centro que rejeitam associações diretas com Bolsonaro. Segundo uma pesquisa do Datafolha em São Paulo, 63% dos entrevistados afirmaram que não votariam em candidatos apoiados por ele.

Além disso, a polarização que caracterizou as eleições presidenciais de anos anteriores parece ter menos influência nas eleições municipais, onde fatores como propostas concretas e a capacidade dos candidatos de resolver problemas locais são mais valorizados.

Diante desse cenário, uma nova onda de líderes pode surgir, com candidatos como Pablo Marçal e Ronaldo Caiado se posicionando como alternativas viáveis. Marçal, por exemplo, já manifestou interesse em uma candidatura presidencial em 2026.

Embora o bolsonarismo continue a ser uma força notável, a tendência de se afastar do ex-presidente revela um campo político mais amplo e diversificado. As próximas eleições podem confirmar essa fragmentação e os desafios que ela traz, principalmente no que diz respeito à capacidade da direita radical de dialogar com suas vertentes mais moderadas.

A fragmentação da direita poderá ter consequências profundas para as eleições futuras, uma vez que a emergente dualidade entre a direita tradicional e o bolsonarismo pode afetar suas chances em um cenário em que o ex-presidente é inelegível até 2030.