Nos últimos anos, a China tem se destacado na corrida espacial, com a maior parte dos financiamentos focados na Administração Espacial Nacional da China (CNSA). Contudo, agora o país está tomando um novo rumo, impulsionando empresas privadas a adentrarem este setor promissor. A inspiração para essa transição? A SpaceX de Elon Musk, que revolucionou o mercado espacial nos Estados Unidos.

As empresas privadas nos EUA mudaram completamente a dinâmica do setor espacial. Apesar de ainda receberem a maior parte de seus investimentos do governo através da NASA, a competição traz novos players – e, consequentemente, um fluxo de capital que nunca foi visto antes. De acordo com o Washington Post, a China está prestes a dar um grande passo em direção à exploração espacial comercial.

Pelo menos seis foguetes projetados por empresas privadas chinesas estão programados para voar ainda este ano, com investimentos bilionários do governo. O objetivo é acelerar o desenvolvimento desses lançadores reutilizáveis, seguindo a estratégia de sucesso implementada pela SpaceX com o Falcon 9. A aspiração é que a indústria espacial da China se torne autossuficiente, sem necessidade de dependência do Ocidente, especialmente com o recente cenário político nos EUA sob a administração de Donald Trump.

Desde a abertura do setor espacial às empresas privadas em 2014, os gastos no segmento quase dobraram em 2024, alcançando quase 3 bilhões de dólares, comparado ao ano anterior. Este cenário reflete uma mudança significativa nas estratégias de investimento do governo chinês.

Em entrevista ao jornal americano, o professor Lincoln Hines, da Georgia Tech, destacou a importância das empresas privadas na inovação: “Se a China continuar a depender de uma indústria estatal inchada, pode conseguir feitos impressionantes, como missões à lua ou o envio de humanos ao espaço, mas conseguirá inovar e competir com os EUA?”

O Projeto SpaceX Como Modelo

A SpaceX, sendo o maior ícone do setor privado nos EUA, foi responsável por mais da metade dos lançamentos orbitais do ano passado. Este sucesso catalisou o interesse de outras empresas e levou muitas a estabelecer parcerias estratégicas com Pequim.

“Isso é extremamente importante, pois o ambiente de financiamento na China é, historicamente, mais conservador do que nos EUA,” afirmou Lan Tianyi, fundador da consultoria Ultimate Blue Nebula, de Pequim. “Além disso, isso ajuda a atrair profissionais de outras indústrias para o segmento espacial.”

Um exemplo notável é a LandSpace Technology, cofundada por um ex-banqueiro e que se tornou uma liderança no desenvolvimento de foguetes reutilizáveis na China. A companhia ganhou notoriedade em 2023 ao lançar um foguete alimentado por oxigênio líquido e metano, um propulsor que foi utilizado depois na Starship da SpaceX.

Concorrentes da SpaceX na Internet via Satélite

Além disso, a China está se preparando para lançar pelo menos dois concorrentes diretos da rede de internet via satélite Starlink, da SpaceX. Estes concorrentes são a Guowang e Thousand Sails, sendo que a última já firmou um acordo para fornecer tecnologia para o Brasil, apontando para uma expansão significativa do acesso à internet em áreas remotas.

O futuro do setor espacial parece mais competitivo do que nunca, e a corrida entre os países está apenas começando!