Ciência

Enxame de satélites de Musk ameaça a astronomia

2025-03-23

Autor: Gabriel

Em um novo capítulo da era espacial, a iniciativa de Elon Musk com a Starlink traz mais preocupações do que soluções. Enquanto a internet é uma benção para comunidades isoladas, o enxame de 11 mil satélites que orbita a Terra tem assombrado astrônomos em todo o mundo.

Estes satélites, que em sua maioria visam ampliar o acesso à internet, criam uma poluição luminosa que interfere na observação do céu noturno. Desde 2017, cientistas têm relatado confusões entre os sinais luminosos de satélites e fenômenos astronômicos, como explosões de raios gama. Alexandra Witze, da revista Nature, destacou que essa interferência já causou muitos desafios para a ciência.

Em particular, o Observatório Vera C. Rubin, localizado no Chile e que custou mais de 4 bilhões de reais, está em uma posição crítica. Projetado para capturar mil imagens detalhadas do céu por noite, estima-se que ele possa registrar até 40 mil satélites nas próximas décadas. Com isso, um décimo das fotografias geradas pode flagrar a passagem de pelo menos um desses objetos, comprometendo as pesquisas digitais de asteroides e outros fenômenos astronômicos.

Além da interferência visual, a quantidade crescente de satélites no espaço levanta novas questões sobre a poluição espacial e a soma de detritos em órbita. Satélites obsoletos e componentes lançados nas missões contribuem para o lixo espacial, que não só representa um perigo para outras missões espaciais, mas também aumenta a dificuldade de monitoramento do espaço.

Outro aspecto preocupante é a emissão de radiação eletromagnética por alguns satélites, o que prejudica a coleta de dados por radiotelescópios e pode dificultar estudos cruciais para a compreensão do universo.

A situação se torna ainda mais alarmante quando consideramos a poluição química gerada na produção e no lançamento de satélites. O monóxido de carbono e o CO2 emitidos, além dos compostos químicos espalhados na reentrada de satélites mortos, exigem uma discussão global sobre regulamentação no lançamento destes artefatos. Contudo, em tempos de retrocesso na luta contra a crise climática, esse debate se torna ainda mais complexo.

É hora de reavaliar os efeitos colaterais das grandes inovações tecnológicas e buscar um equilíbrio entre tecnologia e preservação do nosso céu. Afinal, se a nossa terra está à mercê da poluição, como esperar que o espaço permaneça livre desses abusos?