Escândalo em Camaçari: Força-tarefa resgata 163 trabalhadores em condições análogas à escravidão na construção da fábrica da BYD
2024-12-23
Autor: Mariana
Uma operação do Ministério Público do Trabalho (MPT), em conjunto com a Polícia Federal e outras entidades, resultou no resgate de 163 trabalhadores em condições análogas à escravidão. A ação se deu na obra da nova fábrica da montadora BYD, localizada em Camaçari, na Bahia, que foi parcialmente interditada devido às graves irregularidades encontradas.
De acordo com o relatório divulgado nesta segunda-feira (23 de dezembro de 2024), trabalhadores estavam em situações deploráveis, dormindo em camas sem colchões e enfrentando um banheiro compartilhado por 31 pessoas. A situação nos alojamentos era tão crítica que os operários eram obrigados a acordar às 4 horas da manhã para conseguir utilizar o banheiro antes de iniciar suas atividades às 5h30.
A empreiteira responsável pela obra, Jinjiang Group, terá que comparecer a uma audiência marcada com o Ministério do Trabalho para discutir medidas de regularização das condições dos trabalhadores. O MPT destacou em sua nota que as condições insalubres dos alojamentos refletiram um ambiente extremamente precário, colocando em risco a saúde e a dignidade dos trabalhadores, que não tinham espaço adequado para guardar seus pertences pessoais, que ficavam misturados a alimentos, evidenciando uma total falta de respeito e dignidade.
A obra permanece interditada até que sejam tomadas todas as providências necessárias para regularizar a situação, segundo comunicado do MPT.
O que chama a atenção é que a BYD, uma empresa renomada no setor automotivo, já havia solicitado o cancelamento dos vistos dos trabalhadores envolvidos em situações de exploração na mesma construção, conforme relatos do vice-presidente sênior da companhia no Brasil, Alexandre Baldy. Ele fez essa declaração em um evento realizado no dia 2 de dezembro, onde enfatizou que a situação estava sendo tratada com seriedade.
A assessoria da BYD, quando questionada sobre o caso, informou que estava preparando um posicionamento, mas até o momento, não havia mais informações sobre as medidas que a empresa pretende adotar para evitar que tais abusos voltem a ocorrer no futuro.
A repercussão do caso tem gerado um movimento crescente nas redes sociais, onde internautas pedem uma investigação mais profunda e responsabilização dos responsáveis. Muitos se perguntam até que ponto grandes corporações estão dispostas a ir para reduzir custos, e como os direitos dos trabalhadores estão sendo tratados em obras desse porte. O caso pode ser um divisor de águas nas políticas de emprego e direitos trabalhistas no Brasil, e a sociedade clama por justiça.