Estamos à beira de uma catástrofe climática: O que a COP29 pode mudar?
2024-11-19
Autor: Gabriel
A COP29, que está sendo realizada neste momento em Baku, no Azerbaijão, não pode se repetir como a COP28. É hora de um debate sério sobre os riscos de um planeta atingindo 2,5°C até 2050. Estamos no caminho de um desastre climático global, onde vários pontos de não retorno (tipping points) poderão ser alcançados antes do previsto, caso não reduzamos drasticamente as emissões de gases de efeito estufa imediatamente.
O combate às mudanças climáticas envolve duas frentes essenciais: a mitigação e a adaptação. A mitigação consiste na urgência de reduzir rapidamente as emissões e, além disso, remover bilhões de toneladas de dióxido de carbono da atmosfera através de soluções baseadas na natureza e restauração de biomas.
Por outro lado, a adaptação está relacionada a ações que diminuem a vulnerabilidade aos impactos atuais e esperados das mudanças climáticas, incluindo eventos extremos como ondas de calor, chuvas intensas e secas. Os perigos associados, como a elevação do nível do mar e a perda de biodiversidade, exigem prontidão. Entre as medidas ajustadas de adaptação, destacam-se o plantio de cultivares mais resistentes e o fortalecimento de sistemas de alerta precoce.
Apesar da continuidade da mitigação ser fundamental, ações urgentes de adaptação são essenciais para enfrentar os impactos das crescentes concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera. Para se ter uma ideia, antes da era industrial, a concentração de dióxido de carbono se mantinha em torno de 280 ppm por quase seis mil anos. Desde então, essa quantidade subiu drasticamente, chegando a 422,38 ppm em outubro de 2024, evidenciando um aumento de 50% em relação ao período pré-industrial.
Com os efeitos das mudanças climáticas se acelerando, a adaptação torna-se mais urgente, desafiando países e comunidades a se moldarem a estes novos cenários. No entanto, a implementação dessas estratégias enfrenta obstáculos, incluindo financiamento escasso, lacunas no conhecimento e limitações institucionais, especialmente em nações em desenvolvimento.
No Brasil, mais de dois milhões de pessoas vivem em áreas extremamente vulneráveis a deslizamentos de terra e inundações devido a chuvas intensas. Portanto, a implementação de políticas de adaptação aos extremos climáticos é urgentemente necessária em todo o país.
O Brasil tem um potencial imenso para ser a primeira nação de grandes emissões a zerar suas emissões líquidas, visto que até 75% delas provêm do desmatamento e da agropecuária. Eliminar o desmatamento em todos os biomas até 2030 poderia resultar em uma redução de cerca de 50%, alinhando-se às metas do Acordo de Paris. Além disso, uma restauração florestal em larga escala, especialmente na Amazônia, permitiria a remoção de centenas de milhões de toneladas de emissões anuais, possibilitando zerar as emissões líquidas até 2040.
É imperativo que o Brasil adote uma abordagem ainda mais ambiciosa, acelerando políticas públicas e práticas de adaptação, aumentando a resiliência em todos os setores e fortalecendo o suporte à pesquisa científica. Os governos estaduais e municipais devem investir pesadamente em estratégias de adaptação ao novo clima, priorizando a redução das desigualdades sociais.
O governo federal precisa intensificar as ações de instituições financeiras, como o Ministério da Fazenda e o BNDES, criando mecanismos de investimento robustos direcionados à Economia Verde, com o objetivo de transformar cadeias produtivas. É essencial aumentar orçamentos para órgãos como Ibama, PrevFogo, ICMBio e outros, garantindo recursos e cooperação para enfrentar a emergência climática.
Entre as estratégias de adaptação para o Brasil, destacam-se o investimento em infraestrutura resiliente, a promoção da educação ambiental e a criação de programas de manejo sustentável que podem auxiliar as comunidades a se prepararem melhor para os desafios climáticos. Como o mundo assiste a uma crescente crise ambiental, é nosso dever agir agora para evitar um futuro devastador.