Ciência

Estamos mais perto do que nunca de construir uma estrela na Terra, afirmam startups inovadoras

2024-11-24

Autor: João

A busca pela fusão nuclear, uma fonte de energia limpa e potencialmente ilimitada, que poderia resolver os problemas energéticos da humanidade, começou no século 19, a partir de questionamentos sobre a fonte de energia do Sol. O físico Lord Kelvin desafiou a explicação vigente ao se perguntar como o Sol poderia brilhar por tanto tempo sem consumir todo seu combustível. A resposta, que se revelaria surpreendente, é que dentro do Sol, elementos leves se fundem em elementos pesados, liberando enormes quantidades de energia.

Mais de um século depois, várias startups estão afirmando que estamos mais próximos de recriar esse processo na Terra. Nos próximos anos, essas empresas prometem que suas máquinas de fusão produzirão mais energia do que consomem, gerando eletricidade para fábricas, data centers e muitos outros setores. Este avanço promete ajudar a humanidade a se afastar dos combustíveis fósseis e das suas consequências devastadoras, como o aquecimento global e a poluição do ar.

As startups de fusão não estão apenas conceitualizando suas ideias em laboratórios; elas estão fazendo contratos com clientes, desenvolvendo cadeias de suprimentos e interagindo com reguladores, o que é crucial para tornar a fusão uma fonte de energia prática e acessível.

Entretanto, essa afirmação otimista de estarmos mais próximos não garante que a realização da fusão seja iminente. O campo da fusão já viu muitos prazos perdidos e frustrações. Segundo especialistas, há uma boa probabilidade de que essas startups avancem mais rapidamente do que laboratórios governamentais, mas o histórico mostra que falhas acontecem de maneiras inesperadas.

Para realizar a fusão, os cientistas precisam criar um plasma extremamente quente, superando 100 milhões de graus Celsius. Esse calor intenso causa a ionização do gás, que então se transforma em plasma, um quarto estado da matéria. A fusão ocorre quando os átomos se unem, mas para isso é necessário manter essa condição sob pressão e temperatura adequadas, liberando assim mais energia do que se insere no sistema.

Um dos principais desafios da fusão é controlar o plasma, que se comporta de maneiras complexas e pode se desestabilizar facilmente. Embora o Sol utilize a gravidade para manter seu plasma unido, aqui na Terra, técnicas como campos magnéticos superpotentes são fundamentais.

Entre as promissoras iniciativas, a Commonwealth Fusion Systems em Massachusetts está desenvolvendo uma máquina chamada Sparc, com previsão de que comece a produzir energia líquida comercial em 2027. Além disso, a empresa está planejando uma nova máquina, o ARC, que deverá fornecer eletricidade para clientes a partir dos anos 2030.

Com o suporte de um investimento de mais de US$ 2 bilhões desde sua fundação em 2018, a Commonwealth se destaca na corrida pela fusão. Enquanto isso, outras startups estão explorando diferentes abordagens, como a Type One Energy e a Thea Energy, que trabalham com "stellarators", dispositivos mais complexos que os tokamaks tradicionais. A Helion Energy, por exemplo, já está desenvolvendo uma máquina de fusão que poderá fornecer eletricidade para a Microsoft em 2028.

Recentemente, algumas startups têm recebido críticas sobre os altos níveis de expectativa que criam em relação a seus projetos. Embora estejam fazendo progressos, especialistas alertam para a longa jornada que ainda resta antes que soluções de fusão se tornem viáveis e escaláveis o suficiente para atender a uma parcela significativa das necessidades energéticas globais.

O que todos concordam é que a pesquisa em fusão é uma corrida dinâmica onde mais empresas geram mais chances de sucesso. E quando a fusão se concretizar, isso poderá mudar radicalmente a maneira como a humanidade gera e utiliza energia.