
"Eu poderia viver mais 30 anos, mas quero morrer"; a eutanásia no Canadá está indo longe demais?
2025-04-13
Autor: Carolina
O Impacto Controverso da Eutanásia no Canadá
April Hubbard, uma artista performática de 39 anos, não é portadora de uma doença terminal, mas decidiu que deseja morrer este ano. Em um palco do Bus Stop Theatre, em Halifax, Nova Escócia, ela aguarda a data em que um profissional de saúde injetará uma dose letal em sua corrente sanguínea.
"Quero estar cercada pelas pessoas que amo, em um grande abraço, e dar meu último suspiro cercada de amor e apoio", declara April, enfatizando sua escolha consciente.
Uma Luta Pessoal Contra a Dor
April vive com espinha bífida e tumores na base da coluna, que lhe causam dores intensas e constantes. Após 20 anos de uso de analgésicos opioides, ela solicitou a Eutanásia Médica (MAID) em março de 2023, buscando escapar de sua condição debilitante. Apesar de poder viver mais tempo, sua qualificativa para a eutanásia foi rápida.
"Meu sofrimento só aumenta, e já não tenho mais a qualidade de vida que me faz feliz", declarou.
Eutanásia: Avanços e Críticas
O Canadá possui um dos sistemas mais liberais de eutanásia do mundo, começando em 2016 apenas para adultos com doenças graves. Agora, a legislação será ampliada para incluir adultos com transtornos mentais, sem a necessidade de doenças físicas.
Os críticos apontam que o sistema se tornou uma solução rápida e perigosa para questões complexas de saúde e deficiência. Andrew Gurza, consultor sobre deficiências, alerta: "É mais fácil obter assistência para morrer do que apoio para viver".
Uma Questão de Segurança?
Antes de ser aprovada, April passou por avaliações de médicos que precisavam informá-la sobre alternativas para aliviar seu sofrimento. Ela afirma que existem salvaguardas.
Nos primeiros quatro meses de 2023, foram registradas mais de 15 mil mortes assistidas, mostrando a escalada do uso da MAID desde sua introdução, um aumento alarmante que levanta questões sobre o futuro da assistência médica e ética no país.
Histórias Que Chocam
Casos como o de Vicki Whelan, cuja mãe recebeu pressão da equipe médica para optar pela MAID, ressaltam preocupações sobre como a opção de eutanásia pode ser apresentada a pessoas vulneráveis. Vicki descreve a abordagem como um "papo de vendedor".
Com isso, surge a inquietação: o modelo canadense de eutanásia está se tornando um atalho para questões complexas de tratamento e cuidado?
Reflexões Finais
A eutanásia no Canadá serve de exemplo para muitos países que avaliam a legalização desse procedimento. Com a legislação já mudando, a pergunta permanece: estamos prontos para tal mudança?
April, que não se identifica com os estereótipos de alguém que não deseja viver, afirma: "Nos mascaramos para esconder nossa dor, mas a verdade é que há dias que não consigo levantar do travesseiro. Não é assim que quero viver por mais 10, 20 ou 30 anos."