
EUA: Promessa de Encontrar Causa do Autismo até Setembro Agita Comunidade Científica
2025-04-12
Autor: João
Em uma jogada audaciosa, Robert F. Kennedy Jr., o novo secretário de Saúde dos Estados Unidos, anunciou que até setembro deste ano pretende descobrir as causas do aumento alarmante das taxas de autismo no país.
Durante uma reunião de gabinete sob a liderança do presidente Donald Trump, Kennedy declarou: "Estamos lançando um esforço massivo de testes e pesquisas com a colaboração de centenas de especialistas internacionais". Sua expectativa é que, em breve, soluções possam ser apresentadas para este grave problema de saúde pública.
Entretanto, a reação no meio científico foi de ceticismo. Especialistas que vêm investigando a questão há anos afirmam que identificar uma única causa para o autismo, que pode incluir fatores como pesticidas, poluição e diabetes gestacional, é extremamente desafiador.
Philip Landrigan, um renomado pediatra e especialista em toxinas, expressou suas dúvidas, salientando como os cortes drásticos no financiamento de pesquisas pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) dificultam a obtenção de resultados significativos em tão pouco tempo.
Kennedy, por sua vez, reafirmou que sua equipe está preparando um inquérito abrangente, com os Institutos Nacionais de Saúde liderando essa investigação. Ele também destacou um dado alarmante do CDC: atualmente, 1 a cada 31 crianças é diagnosticada com autismo.
Ainda mais controverso foi o plano de comparar as taxas de autismo em crianças vacinadas e não vacinadas, área que muitos cientistas já descartaram como uma possível relação, dado que aqueles que vacinam tendem a buscar mais cuidados médicos.
As críticas a Kennedy se intensificaram, especialmente após a contratação de David Geier, um pesquisador desacreditado, para investigar as ligações entre vacinas e autismo.
Irva Hertz-Picciotto, diretora de epidemiologia ambiental, revelou que há mais de 20 anos estuda a autismo e destaca que múltiplos fatores têm sido explorados, como exposições a pesticidas e poluentes. No entanto, a dificuldade de se obter financiamento para pesquisas permanecem um grande obstáculo.
O prazo de setembro para resultados concretos e soluções foi considerado "ridículo" por muitos no campo, que compreendem a complexidade da síndrome.
Kennedy também agradeceu publicamente a colaboração da Comissão Make America Healthy Again, composta por membros não cientistas, em suas redes sociais, enfatizando sua expectativa de avanços.
Formada por ordem executiva em fevereiro, essa comissão deve avaliar em 100 dias as ameaças à saúde infantil provenientes de alimentos e produtos químicos, esperando apresentar uma estratégia ao presidente em um prazo de 180 dias.