Ciência

Eventos em Belo Horizonte enfrentam novas demandas devido às mudanças climáticas

2024-10-08

Autor: Lucas

Um ano após a trágica morte de Ana Clara Benevides, de 23 anos, devido à exaustão térmica durante o show da “The Eras Tour” de Taylor Swift, o Brasil continua enfrentando um cenário crítico de mudanças climáticas. Nesta ocasião, a cidade do Rio de Janeiro registrou uma sensação de calor de impressionantes 59,3°C, o que levantou um alerta nacional sobre a segurança e a saúde em eventos públicos. A morte de Ana Clara gerou uma onda de protestos pedindo pelo direito de levar água aos eventos, resultando na nova portaria do ministro da Justiça, Flávio Dino, que permitiu a entrada de garrafas de água em shows e exigiu água gratuita em dias de calor extremo.

Embora algumas mudanças já tenham sido implementadas, o desafio permanece em Belo Horizonte. No último dia 17 de setembro, a prefeitura sancionou uma lei que proíbe a restrição do transporte de água em eventos, a menos que a organização ofereça água gratuitamente. A falta de diálogo nessa questão, no entanto, foi criticada entre os organizadores, como Bernardo Dabes, da Ímpar Shows, que enfatizou o impacto financeiro significativo dessa mudança na renda dos eventos. “O bar é uma das principais fontes de receita para nós, e a exigência de fornecer água gratuita impacta diretamente nosso lucro”, afirmou.

A preocupação com as temperaturas extremas não é infundada. Dados do Serviço de Alterações Climáticas Copernicus apontam que 2024 pode ser um dos anos mais quentes já registrados. Para lidar com as consequências das temperaturas crescentes, organizadores de eventos estão se adaptando. Patrícia Tavares, produtora do festival Verbo Gentileza, compartilhou como o festival ajustou sua programação para mitigar os efeitos do calor, incluindo a redução das atividades durante os períodos de altas temperaturas e a criação de áreas sombreadas. Além disso, a colaboração com a startup Abundance para o plantio de árvores representa uma tentativa de compensar a emissão de carbono e promover práticas sustentáveis.

A crise climática está claramente afetando não apenas a saúde pública, mas também a experiência social em eventos culturais. Pesquisa do DataFolha revela que 97% dos brasileiros notam as mudanças climáticas. O meteorologista Marcelo Seluchi alerta que esses fenómenos são resultado direto do aquecimento global, que está exacerbando eventos climáticos extremos, como secas prolongadas e tempestades intensas.

Guilherme Tampieri, especialista em gestão ambiental e administração de cidades, enfatiza que Belo Horizonte está enfrentando um aumento nas doenças relacionadas ao clima, como dengue e chikungunya, assim como deslizamentos de terra e inundações. A qualidade do ar e as condições climáticas afetam não só eventos outdoor, mas toda a vida urbana, levando a consequências sérias para a saúde e o bem-estar da população.

Diante de um panorama tão alarmante, é essencial que a discussão sobre mudanças climáticas se torne central também em festivais e eventos locais. Patrícia Tavares acredita que iniciativas que envolvem conscientização podem transformar festivais em plataformas de educação e ação climática. Isso poderia ajudar a mobilizar a população para a responsabilidade coletiva em relação à crise que estamos vivendo.