Nação

Exército Congela Carreira de Mauro Cid Após STF Torná-lo Réu em Esquema Golpista ao Lado de Bolsonaro

2025-03-26

Autor: Ana

A carreira do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, sofreu um duro golpe após a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidir mantê-lo como réu junto com o ex-presidente e outros sete aliados em um esquema supostamente golpista. A informação é da colunista Carla Araújo, do UOL.

Até então, Cid já se encontrava afastado de suas funções, tendo sido preterido em promoções devido às investigações que pesavam sobre ele. A comissão responsável pelas promoções considerou seus méritos insuficientes em face da gravidade dos inquéritos em curso. Com a nova condição de ser considerado "sub judice", Cid agora está formalmente impedido de ser promovido, transferido na corporação, ou mesmo de ir para a reserva remunerada.

Fontes das Forças Armadas indicam que esse tipo de bloqueio ocorre automaticamente, especialmente considerando que a sessão do STF foi pública e amplamente divulgada. Embora o Exército possa solicitar documentação adicional ao STF, o processo interno para tratar da situação de Cid deverá ser iniciado em breve, sem depender dessa formalidade.

Surpreendentemente, mesmo após firmar um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República, especialistas militares acreditam que será difícil para Cid evitar uma condenação. Vale ressaltar que ele pode ainda ser julgado pela Justiça Militar, o que complicaria ainda mais sua situação.

No acordo de colaboração, Mauro Cid pleiteou perdão judicial ou, no máximo, uma pena de até dois anos de prisão, na esperança de escapar da Justiça Militar, que investiga casos mais severos. Contudo, essa estratégia pode não ter os efeitos desejados, dada a gravidade das acusações.

A alta cúpula das Forças Armadas já chegou ao consenso de que Cid não pode permanecer em atividade, especialmente após a chegada do novo comandante do Exército, general Tomás Paiva, que assumiu em janeiro de 2023. O afastamento de Cid coincide com a exoneração do general Júlio César de Arruda, que deixara o cargo, em parte, devido às preocupações do Planalto sobre a iminente promoção de Cid ao comando do 1º Batalhão de Ações de Comandos, em Goiânia.

Com Tomás no comando, a indicação de Cid foi imediatamente congelada e ele foi efetivamente colocado na "geladeira". Nos últimos dias, o general se reuniu internamente em Brasília e monitorou as atividades do STF, expressando preocupação sobre o impacto que essa decisão poderia ter na imagem das Forças Armadas, principalmente por envolver altos oficiais da reserva, como os generais Walter Braga Netto e Augusto Heleno.

Em conversas restritas, o comandante do Exército destacou que, exceto Mauro Cid, os outros investigados estavam em funções políticas, e não militares, durante os eventos apurados. Contudo, ele reconheceu que é "muito negativo" para a reputação da força ter seus membros denunciados judicialmente.

Ainda segundo informações, os danos à imagem institucional das Forças Armadas estão longe de serem completamente avaliados. O general enfatizou que a restauração da confiança da sociedade será um processo longo e complicado.

Por fim, a avaliação interna entre os militares é clara: as defesas apresentadas até agora falharam em negar a existência de um plano golpista, revelando uma estratégia de autoproteção, onde cada acusado defende apenas a si mesmo, sem qualquer espírito de corpo. "Cada um por si", resumiu uma de suas fontes, refletindo uma divisão notável nas fileiras das Forças Armadas.