Extrema direita na Áustria: uma nova era ou o retorno ao passado?
2025-01-06
Autor: Fernanda
O presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen, decidiu abrir as portas para uma nova era política ao encarregar o líder do Partido da Liberdade, Herbert Kickl, de formar um governo. Este seria o primeiro governo de extrema direita desde a Segunda Guerra Mundial. A reunião entre Van der Bellen e Kickl ocorreu em 6 de janeiro de 2025 e marca um momento decisivo na política austríaca.
O Partido da Liberdade, sob a liderança de Kickl, conquistou 28,8% dos votos nas eleições parlamentares de setembro de 2024, superando o Partido Popular Austríaco do chanceler Karl Nehammer, que ficou em segundo lugar. A renúncia de Nehammer, anunciada no dia 4 de janeiro de 2025, foi um reflexo do fracasso nas negociações entre os dois principais partidos centristas do país, o Partido Popular e os Social-Democratas, para formar uma coalizão sem a extrema direita.
A decisão de permitir que Kickl iniciasse as negociações foi amplamente comentada, gerando reações mistas na sociedade austríaca. Em coletiva, Van der Bellen afirmou que confiava em Kickl para "encontrar soluções viáveis nas negociações de governo" e elogiou a nova disposição do novo líder do Partido Popular, Christian Stock, em dialogar com a extrema direita.
Karl Nehammer, ao anunciar sua renúncia, mencionou a necessidade de uma transição ordenada e reconheceu a crise política que o país enfrenta. As negociações para a formação do novo governo já vinham se arrastando desde outubro de 2024 e o colapso das conversas se deu após a saída inesperada do partido liberal Neos.
A Áustria, estruturada como uma república parlamentarista, pode enfrentar uma transformação significativa sob a liderança de Kickl, cujas políticas têm sido criticadas por tendências populistas e nacionalistas. A questão que prevalece na mente dos cidadãos austríacos é: essa nova era representará finalmente uma mudança positiva ou será um retrocesso em relação aos valores democráticos?
Além das questões governamentais, a nova administração enfrentará enormes desafios econômicos. A Comissão Europeia estimou que o novo governo precisará implementar cortes de gastos entre 18 e 24 bilhões de euros, em um cenário que já inclui um recorde histórico de desemprego e um déficit orçamentário de 3,7% do PIB, acima do limite estabelecido pela União Europeia.
Com a extrema direita prestes a assumir um papel central na governança, será crucial observar a dinâmica e as consequências que isso poderá ter não só para a política interna, mas também nas relações da Áustria com seus vizinhos europeus e a comunidade internacional. O futuro está incerto e cheio de expectativas, e muitos se perguntam se a Áustria está prestes a traçar um novo caminho ou se está se movendo na direção oposta.