
Facção religiosa liderada por Peixão adquire 'fuzil anti-drone' da China
2025-03-27
Autor: Mariana
O Terceiro Comando Puro (TCP), uma facção que se apresenta sob a bandeira evangélica, liderada pelo traficante Peixão, está em meio a uma polêmica internacional após a importação de um "fuzil anti-drone" da China para o Rio de Janeiro, conforme revelado por investigações da Polícia Federal.
O que está em jogo?
Esse armamento específico é um bloqueador de sinais que visa impedir o rastreamento de veículos e celulares, descrito como "fuzil anti-drone". A remessa, que desrespeita várias leis de importação, foi enviada em junho de 2024, para Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O destinatário é Everton Vieira Francesquet, o suposto armeiro do TCP, que foi preso recentemente e está sob investigação por sua conexão direta com essa importação ilegal.
Francesquet não só lidava com a importação de tecnologia militar como também havia adquirido lançadores de granada do Paraguai. Esse material foi apreendido em uma operação da Polícia Federal realizada em julho do ano passado em uma agência dos Correios. Além disso, ele teria planejado trazer a armaria de outros países da América Latina.
O diálogo comprometedores
As investigações revelaram conversas por WhatsApp entre Francesquet e Peixão, onde discutiam detalhes da aquisição de diversos equipamentos militares. Peixão, em um dos áudios, solicitou que Francesquet verificasse rapidamente o boleto para a compra do drone, deixando claro seu desejo de expandir o arsenal do TCP.
"Vamos comprar drones, localizadores e a bazuca anti-drone. A partir de agora, a compra vai ser frenética!" – disse Peixão em um áudio compartilhado com a polícia, que expôs como a facção se organiza para se armar e modernizar suas operações.
Religião e crime: uma combinação letal
Nas áreas dominadas por Peixão, símbolos religiosos são proeminentes. Tais como trechos bíblicos, bandeiras do Estado de Israel e imagens de Cristo surgem nas favelas sob seu controle. O uso de símbolos de religiões de matriz africana é couvetado pela facção, que exige adesão a práticas religiosas em troca da proteção e do status no grupo.
Os integrantes do TCP se referem a Peixão como "Irmão de Moisés" e se alinham a uma narrativa bíblica para legitimar suas ações criminosas. A construção do "Complexo de Israel" é vista como um projeto de poder que busca não apenas controlar território, mas também impor uma ideologia religiosa entre seus seguidores.
Conflitos com o Comando Vermelho
Desde sua ascensão ao poder, Peixão tem desafiado o Comando Vermelho, um dos grupos mais poderosos do tráfico de drogas no Rio. Sua facção, a Tropa do Arão, conquistou áreas que antes eram históricas do CV, como Parada de Lucas e Cidade Alta. Este movimento tem aumentado a tensão e os conflitos entre as facções, que buscam retomar o controle desses territórios. Com informações sobre a intensa concorrência ao tráfico de armas e drogas, Peixão se destaca como um importante articulador nesse comércio proibido.
O impacto na sociedade
Nos últimos dois anos, a atividade criminosa ligada ao TCP afetou pelo menos 200 pessoas no Rio de Janeiro, destacando-se os sequestros ligados a fraudes de veículos. Os criminosos criam anúncios falsos online e, ao enganarem as vítimas, metam os resgates exigindo transferências via Pix dos familiares, ampliando o ciclo de violência e desespero em comunidades já fragilizadas.
A existência do TCP e suas táticas estão enraizadas em um sistema que mistura religião e crime, transformando a facção em uma organização inovadora e perigosa no cenário do crime do Rio.