Saúde

Fila do SUS no Rio Grande do Sul excede 670 mil pedidos de consulta e situação pode se agravar ainda mais

2025-01-09

Autor: Fernanda

Fila de Espera Alarmante

A fila de espera por consultas no Sistema Único de Saúde (SUS) do Rio Grande do Sul já soma mais de 670 mil pedidos, uma situação alarmante que pode impactar negativamente a saúde de milhares de cidadãos. Esse número, que representa pedidos e não necessariamente indivíduos, revela que uma única pessoa pode solicitar múltiplas consultas com diferentes especialistas, o que dificulta uma dimensão precisa do problema.

Dados de Porto Alegre

Na capital, Porto Alegre, são mais de 196 mil pedidos na fila. Os dados públicos, obtidos pelo Grupo de Investigação da RBS (GDI), através da Lei de Acesso à Informação, mostram que até o final do ano passado, existiam 473.785 distinções entre solicitações de atendimento.

Crianças e Mortes na Espera

Infelizmente, a situação é crítica. Até agora, no período de 2023 e 2024, 2.434 pessoas faleceram enquanto esperavam por consultas. A secretária adjunta da Saúde, Ana Costa, comentou que não é viável determinar se as mortes estão diretamente relacionadas ao atendimento que essas pessoas buscavam, mas enfatizou a preocupação do Estado com cada uma delas.

Ana disse: "É preciso olhar caso a caso, pois, muitas vezes, a espera por atendimento não é a causa direta do óbito. Contudo, as perdas são sempre lamentáveis e nosso estado está ciente dessas situações".

Gestão do SUS

O sistema SUS, apesar de ser um serviço federal, é gerenciado pelos estados e municípios, resultando em filas distintas para diferentes localidades. As especialidades mais requisitadas incluem oftalmologia, ortopedia, otorrinolaringologia e cirurgia geral, mas o governo gaúcho não forneceu dados detalhados sobre o atraso específico em cada uma, levando a reportagem a solicitar mais informações.

Um caso emblemático envolveu Jhenyfer Gabriela do Amaral, uma jovem de 22 anos de Sapiranga, que morreu um dia antes do Natal enquanto aguardava uma cirurgia na vesícula. Ela estava na fila desde setembro do ano passado. A situação da jovem, que lutava contra a depressão e epilepsia, destaca a tragédia que a má gestão da saúde pode causar. Seus pais, ao perceberem suas dores severas, a levaram a uma Unidade Básica de Saúde, mas ela foi medicada e liberada, falecendo algumas horas depois.

Desabafo de Familiares

O desabafo do pai, Jandir Gomes Amaral, ressoa a angústia de muitos: "Enquanto os ricos podem pagar planos e cirurgias, aqueles que dependem do SUS aguardam e muitas vezes perdem a vida. Se eu tivesse como, jamais teria levado minha filha para a UPA naquela noite".

Investigações e Orçamento Municipal

O município iniciou uma sindicância para investigar o atendimento na UPA e comunicou que, em 2024, 29% do orçamento municipal foi destinado à saúde, superando os 15% exigidos por lei.

Casos Críticos e Longa Espera

Casos de pacientes em situações críticas se repetem. Kelly Priscila Maciel Oliveira, uma pequena empresária de Esteio, aguarda há oito anos uma consulta para tratamento de obesidade. "Estou morrendo. Preciso de tratamento urgente e tenho filhos que precisam de mim", expressou a angustiada mãe.

Em Porto Alegre, além dos quase 197 mil que aguardam consultas, mais de 152 mil estão na fila para exames. O secretário municipal da Saúde, Fernando Ritter, prometeu medidas para reduzir o tempo de espera, com a criação de um programa permanente para facilitar o acesso a consultas especializadas.

Condições de Saúde Afetadas

A longo tempo de espera, que representa um sofrimento desumano aos pacientes e um custo crescente ao sistema público, trouxe à tona o caso de Ivone Fraga da Silva, que está há três anos aguardando uma cirurgia. Hoje, além do procedimento bariátrico que precisa, também desenvolverá novos problemas de saúde devido à espera.

Aperfeiçoamento da Saúde

Eduardo Trindade, presidente do Conselho Regional de Medicina, faz um alerta: "Quando não tratadas as doenças podem evoluir para AVC, problemas cardíacos e ortopédicos graves". Essa lógica se repete no caso de Soeli Soares Lopes, que ao esperar por mais de 800 dias por uma consulta com ortopedista, acabou recebendo um diagnóstico de um novo problema na coluna, forçando-a a reiniciar o processo.

Medidas do Governo

Diante da gravidade da situação, a Secretaria Estadual da Saúde afirma que medidas estão sendo implementadas para enfrentar o problema, incluindo a abertura de novas frentes de atendimento e parcerias com hospitais locais.

O Ministério da Saúde reforça que ações estão em progresso no âmbitos nacional, com programas para redução das filas e aumento da capacidade de atendimento. No entanto, a pergunta que permanece é: até quando os cidadãos continuarão a sofrer com esse sistema? Se você tem uma história para contar ou deseja compartilhar sua experiência com o SUS, não hesite em se manifestar. Essa luta é de todos nós!