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Freusa Zechmeister, a talentosa figurinista do Grupo Corpo, falece aos 83 anos

2024-12-07

Autor: Pedro

A comunidade cultural brasileira sofre uma grande perda com a morte da arquiteta, designer e figurinista Freusa Zechmeister, que faleceu no último sábado (7 de dezembro) aos 83 anos. Natural de Patos de Minas, Freusa foi uma figura ícone do mundo da dança e do teatro, amplamente reconhecida por seus figurinos deslumbrantes e inovadores criados para os espetáculos do renomado Grupo Corpo.

De acordo com informações da assessoria de imprensa da companhia, Freusa havia sido diagnosticada com câncer de pâncreas cerca de três semanas antes de sua morte. Sua contribuição ao Grupo Corpo começou em 1981, após um encontro transformador com Emílio Kalil, então codiretor da companhia, durante uma viagem pela Europa. Desde então, seus figurinos tornaram-se parte integrante da identidade do grupo, desempenhando um papel crucial na estética de suas produções.

Freusa se formou em arquitetura, design e paisagismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e, ao longo de sua carreira, deixou um legado indelével tanto no cenário artístico quanto na arquitetura. Além dos espetáculos do Grupo Corpo, ela foi responsável por importantes projetos de design em Belo Horizonte e pela restauração da icônica Casa Bonomi, mostrando sua versatilidade e talento.

Um dos seus trabalhos mais memoráveis foi em 2004, quando ela criou figurinos para o espetáculo "Lecuona", inspirado na obra do compositor cubano Ernesto Lecuona. Os vestidos brancos esvoaçantes refletiam a iluminação do teatro e simbolizavam a intensidade das relações entre os bailarinos, um exemplo da habilidade de Freusa em contar histórias através dos trajes.

Freusa tinha um método criativo singular. Ao invés de se basear inicialmente na trilha sonora ou nos movimentos coreográficos, ela se deixava levar por histórias que imaginava enquanto observava a companhia se preparar para as apresentações. Essa abordagem resultou em figurinos que, embora muitas vezes seguissem uma lógica própria, sempre respeitavam e exaltavam o espaço e a corporalidade dos dançarinos.

As homenagens a Freusa são inúmeras. A ex-bailarina do Grupo Corpo, Gabi Junqueira, expressou sua admiração nas redes sociais, ressaltando a generosidade, humor e lealdade da figurinista, além de seu imenso talento. A arquiteta Ângela Roldão também compartilhou sua perspectiva, chamando-a de 'melhor figurinista de ballet do mundo' e destacando seu perfeccionismo e a importância de seu trabalho em posicionar Minas Gerais no cenário arquitetônico nacional.

Com sua morte, Freusa deixa um legado que transcende o cenário da dança e inspira gerações. Sua habilidade em traduzir emoção e narrativa através do vestuário ficou marcada na história do teatro brasileiro, e sua presença fará falta nas futuras criações artísticas. A comunidade artística está de luto, mas seu legado viverá nas memórias e nos corações daqueles que tiveram a sorte de conhecê-la e trabalhar com ela.